Um mistério arqueológico de sete décadas finalmente foi resolvido. Pesquisadores da Universidade de Oxford, na Inglaterra, descobriram a origem de uma gosma pegajosa encontrada no fundo de oito vasos de 2,5 mil anos encontrados na Itália. Tratava-se de mel.
A descoberta foi publicada nessa quarta-feira (30/7), no Journal of the American Chemical Society. Os oito jarros de bronze foram encontrados em 1954, em um santuário subterrâneo na antiga cidade de Paestum, no sul da Itália. No fundo deles havia uma substância viscosa, escura e pegajosa, parecida com uma gosma endurecida e ressecada pelo tempo.
Arqueólogos da época já presumiam que o conteúdo fosse mel, pois o alimento era muito utilizado na medicina, em rituais, cosméticos e na alimentação da Grécia e Roma antiga. No entanto, nenhuma análise científica conseguia comprovar a teoria.
“O que acho interessante é que os gregos antigos acreditavam que o mel era um superalimento “, destaca a autora principal do estudo, Luciana da Costa Carvalho, química da Universidade de Oxford, em entrevista ao portal britânico Live Science.
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Descoberta feita com avanços tecnológicos
A descoberta só foi possível com o uso de tecnologias modernas de análise, como a espectrometria, que permite detectar moléculas específicas com precisão. Durante a observação, a equipe detectou pela primeira vez açúcares do tipo hexose intactos nos resíduos dos vasos. O mel fresco contém cerca de 79% de açúcares hexose.
Após a análise, foram identificadas proteínas específicas da geleia real, uma substância leitosa produzida por abelhas operárias e peptídeos exclusivos da abelha europeia (Apis mellifera), indicando a origem apícola do conteúdo.
Depois das análises, pesquisadores descobriram que as abelhas foram as responsáveis pelo mistério de 71 anos
Segundo Luciana, íons de cobre, provavelmente liberados dos próprios jarros de bronze, ajudaram a conservar o mel por tanto tempo por serem biocidas e combaterem microrganismos.
A descoberta reforça como o mel era visto como um objeto ritualístico e também a importância do avanço nos métodos de análise. “Há mérito em reanalisar coleções de museus porque as técnicas analíticas continuam a se desenvolver”, finaliza a autora.
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