Doença dizimou dinossauros que viviam no interior de SP, revela estudo

Pesquisadores brasileiros encontraram fósseis de seis saurópodes – conhecidos como dinossauros pescoçudos –, datados de 80 milhões de anos. Os animais do período Cretáceo foram localizados no município de Ibirá, no interior de São Paulo.

Os ossos apresentavam sinais de osteomielite, uma infecção grave nos ossos, causada por vírus, bactérias, fungos ou protozoários. As evidências mostram que os dinossauros morreram com a condição ainda ativa, indicando que a doença foi provavelmente a causa da morte.

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O estudo sobre as descobertas foi realizado por cientistas da Universidade Regional do Cariri (Urca), no Ceará, da Universidade de São Carlos, em São Paulo, e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), além de contar com o apoio do Instituto de Estudos dos Hymenoptera Parasitoides da Região Sudeste Brasileira (IEHYPA-Sudeste). A pesquisa foi publicada no periódico The Anatomical Record em maio.

Segundo o autor principal do estudo, Tito Aureliano, não é primeira vez que são encontradas doenças infecciosas em dinossauros pescoçudos. Um achado anterior foi publicado recentemente. “Os ossos que analisamos são muito próximos entre si no tempo e de um mesmo sítio paleontológico, o que sugere que a região ofereceu condições para que patógenos infectassem muitos indivíduos naquele período”, conta o pesquisador da Urca.

Investigação e análise das lesões

Entre as lesões encontradas, uma ficou restrita à medula. Outros ossos contém marcas que vão do tecido que ocupa o interior dos ossos até a parte externa. Os machucados têm textura esponjosa, apontando uma vascularização da região e os diferenciando de outras patologias relacionadas aos ossos, como osteossarcoma e neoplasia óssea.

Os pesquisadores também não acharam sinais de cicatrização, descartando que as lesões foram causadas por outros motivos. No registro fóssil, indicativos de regeneração são comuns em ossos atingidos por mordidas de outros dinossauros, por exemplo.

Os pesquisadores analisaram os ossos através de microscópio eletrônico de varredura (SEM) e estereomicroscópio. Com o auxílio das tecnologias, foram identificadas três tipos de manifestações de osteomielite. O primeiro tinha pequenas protusões arredondadas, semelhantes a calombos.

Imagens da análise mostram lesões nos ossos dos dinossauros

Outras protusões tinham padrões semelhantes a impressões digitais, em formato elíptico. Já o último conjunto possuía marcas arredondadas e largas, que eram maiores do que todas as outras.

 “Essas lesões podiam se conectar com músculos e pele e ficarem expostas, vertendo sangue ou pus”, explica Aureliano.

No entanto, não foi possível identificar totalmente quais eram os ossos analisados, apenas que um era da costela e os outros da parte inferior dos membros. Além disso, a provável causa para as infecções não foi detectada.

Região propícia para preservação de fósseis

Os fósseis foram encontrados em uma região conhecida como Formação São José do Rio Preto. O clima árido, com rios rasos e lentos, além de grandes poças de água parada faziam com que muitos dinossauros ficassem atolados e acabassem morrendo, gerando fósseis.

“Esse ambiente provavelmente favoreceu patógenos, que podem ter sido transmitidos por mosquitos ou pela própria água que era ingerida pela fauna, que incluía dinossauros, tartarugas e animais similares aos crocodilos atuais”, diz Aureliano.

Por fim, os cientistas ressaltam que as evidências trazidas no estudo são importantes para pesquisas futuras sobre as diferentes manifestações de doenças ósseas em fósseis.

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