Tudo o que enxergamos é uma imagem do passado. Não vemos os objetos diretamente, e sim a luz que foi refletida por eles e chegou até nossos olhos. No dia a dia, isso não faz diferença, já que a luz viaja muito rápido. Mas, quando olhamos para o espaço, o tempo de deslocamento da luz importa bastante. Quando observamos a Lua, por exemplo, estamos vendo como ela era há cerca de um segundo.
Isso vale para qualquer coisa no Universo. Olhar para muito longe é olhar para muito atrás no tempo. Essa característica nos ajuda a entender a história do cosmos, desde a formação de galáxias até a morte de estrelas. No entanto, por mais distante que nossos telescópios alcancem, nunca veremos o momento exato do Big Bang. E não é por falta de tecnologia.
Quando olhamos a Lua, a luz refletida revela o que aconteceu lá cerca de um segundo antes. Crédito: Flavia Correia via ChatGPT/OlharDigital
A verdade é que a luz simplesmente não existia de forma livre nos primeiros momentos do Universo. A imagem mais antiga que conseguimos captar é a da radiação cósmica de fundo, uma espécie de “eco” do Big Bang. Essa luz foi liberada cerca de 380 mil anos depois do início de tudo, quando o Universo esfriou o suficiente para que os átomos começassem a se formar.
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Luz passou a se soltar apenas com a expansão do Universo
Antes disso, tudo era um “caldeirão” de partículas soltas e luz muito energética. Sempre que um átomo tentava se formar, a luz o destruía, arrancando elétrons do núcleo. A luz não conseguia viajar em linha reta, pois era constantemente absorvida e reemitida pelas partículas. Era como uma multidão barulhenta onde ninguém consegue sair andando em paz.
Só com a expansão do Universo a luz se libertou, criando a radiação cósmica de fundo, a primeira luz do cosmos. Crédito: Andrea Danti – Shutterstock
Só quando o Universo se expandiu e esfriou o bastante, a luz conseguiu se soltar. Foi aí que nasceu a radiação cósmica de fundo, a primeira luz livre do cosmos. Esse é o limite máximo que conseguimos observar com telescópios que usam qualquer tipo de luz. Antes disso, conforme destaca o site IFScience, é como se o Universo estivesse envolto por um véu impenetrável.
Mas, há uma esperança. Existem duas coisas que podem atravessar esse “véu”: os neutrinos e as ondas gravitacionais.
Os caminhos que levam ao Big Bang
Os neutrinos são partículas quase invisíveis, que passam pela matéria sem interagir com ela. Eles são tão abundantes que cerca de 60 bilhões passam pelo nosso corpo por segundo – com centenas deles por centímetro cúbico originários do Big Bang, segundo estimativas. Já as ondas gravitacionais são pequenas deformações no espaço causadas por eventos cósmicos extremos, como fusões de buracos negros.
Ondas gravitacionais podem trazer pistas do que aconteceu logo após o Big Bang. Crédito: Sakkmesterke – Shutterstock
Ambos podem trazer pistas do que aconteceu logo após o Big Bang. Ainda não conseguimos ver claramente esses sinais antigos, mas já temos indícios. Projetos como o Pulsar Timing Array estão tentando captar essas informações.
Embora a luz seja nossa janela principal para o Universo, é animador saber que existem outras formas de enxergá-lo e compreender como tudo começou.
O post Por que não conseguimos ver o Big Bang? A resposta está na luz (ou na falta dela) apareceu primeiro em Olhar Digital.