Pela primeira vez, cientistas conseguiram demonstrar como se dá a formação de cristais de sal — uma pesquisa com potenciais benefícios que vão desde aplicações na engenharia civil até à conservação de arte.
O estudo foi conduzido no Laboratório de Pesquisa de Dispositivos do MIT e publicado no periódico Langmuir. “O trabalho não apenas explica como o deslizamento de sal começa, mas também por que ele começa e quando”, diz Joseph Phelim Mooney, um dos autores.
Por décadas, a fluência do sal vem sendo apenas teorizada, sem confirmações. Mas com a ajuda de microscopia de raios X, os pesquisadores conseguiram observar um único cristal de sal se fixando à superfície, desencadeando uma reação em cadeia.
“As pessoas especulavam sobre isso, mas nós capturamos em raio-X pela primeira vez. Foi como assistir ao momento microscópico em que tudo se desintegra, os pontos de ignição de um processo autopropagante”, explica Mooney.
Caminho inusitado
A investigação sobre a cristalização do sal na interface ar-líquido-sólido teve início após Mooney identificar o acúmulo de sal como um grande obstáculo em sistemas de dessalinização.
“[O sal] estava por toda parte, revestindo superfícies, obstruindo caminhos de fluxo e prejudicando a eficiência dos nossos projetos. Percebi que não entendíamos completamente como ou por que o sal começa a se infiltrar nas superfícies”, explica.
Ele conta que um dos momentos mais surpreendentes foi a identificação de um mecanismo que nunca havia sido documentado visualmente antes: o cristal de sal não cresceu passivamente, mas remodelou o próprio menisco, criando as condições perfeitas para o próximo cristal.
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Sem limites
Na área de engenharia civil, as descobertas podem ajudar a compreender os fatores que levam à formação de cristais de sal em superfícies como concreto, pedra ou materiais de construção, gerando rachaduras ou descamação no longo prazo.
“Ao identificar o momento em que o sal começa a se infiltrar, os engenheiros podem projetar melhor revestimentos protetores ou sistemas de drenagem para prevenir essa forma de degradação”, diz Mooney.
Outro setor beneficiado pela pesquisa é o de conservação de arte, já que o sal tem sido vilão de murais, afrescos e artefatos antigos. Muitas vezes os cristais se formam abaixo da superfície, o que torna mais difícil identificar danos em objetos patrimoniais.
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