Como diferenciar dengue, covid-19 e gripe?

Durante o verão, o aumento das chuvas favorece a proliferação do mosquito transmissor da dengue, enquanto os meses mais frios do ano contribuem para o avanço de doenças respiratórias, como a gripe e a covid-19. Como muitos dos sintomas se assemelham, fica a dúvida: como saber qual doença está por trás da febre, do cansaço ou da dor no corpo?

Embora alguns sinais indiquem caminhos diferentes, o diagnóstico preciso só acontece por meio de exames laboratoriais. Segundo especialistas, entender as diferenças entre os vírus é o primeiro passo para procurar ajuda médica com agilidade e evitar complicações.

Entenda como a dengue age no organismo

A dengue é causada por um vírus transmitido pela picada do mosquito Aedes aegypti, que também pode carregar os vírus da zika, chikungunya e febre amarela. São quatro sorotipos distintos — o que significa que uma mesma pessoa pode contrair a doença mais de uma vez, com diferentes combinações de sintomas.

Geralmente, a febre alta aparece de forma repentina logo no início da infecção. Apesar disso, sintomas respiratórios como coriza, obstrução nasal ou tosse são raros nesse quadro. Por esse motivo, a presença de sinais como nariz entupido ou espirros pode indicar que se trata de uma gripe ou da covid-19, e não da dengue.

A doença pode durar de 4 a 10 dias, mas os efeitos no corpo se estendem por semanas. A infectologista Melissa Falcão, da Sociedade Brasileira de Infectologia, explica que a dengue pode ser:

Leve: causa febre, enjoo, dor no corpo e vermelhidão na pele;
Com sinais de alarme: surgem vômitos persistentes, sangramentos, tontura, aumento do fígado ou acúmulo de líquidos;
Grave: envolve choque, dificuldade respiratória, sangramentos intensos e falência de órgãos.

Vale destacar que o termo “dengue hemorrágica” caiu em desuso, pois levava a diagnósticos incorretos — nem sempre a forma grave da doença envolve sangramentos.

Saiba identificar os sintomas mais comuns da dengue, covid-19 e gripe a e quais as diferenças entre elas – Crédito: FreePik

O que muda nos sintomas da covid-19

A covid-19 é provocada pelo coronavírus Sars-CoV-2 e pode se manifestar de forma leve, moderada ou grave. Desde o início da pandemia, os sintomas vêm mudando conforme novas variantes surgem, o que aumenta ainda mais a confusão com outras infecções respiratórias.

A forma mais clássica da doença inclui tosse seca, febre e fadiga. Nos primeiros anos da pandemia, a perda de olfato e paladar se destacava como um diferencial, mas esse sintoma já não aparece com tanta frequência nas infecções pela variante ômicron, ainda predominante no Brasil.

Outros sinais da covid-19 incluem dor abdominal, garganta inflamada, coriza, confusão mental, queda de cabelo e até lesões na pele. Em alguns casos, os sintomas desaparecem, mas voltam a aparecer semanas ou meses depois — fenômeno conhecido como “covid longa”.

Apesar de, geralmente, a progressão da doença ser mais lenta do que na dengue, a covid-19 ainda pode ser fatal. Por isso, é essencial procurar atendimento ao primeiro sinal de agravamento.

Quando os sintomas indicam gripe

A gripe é causada por um vírus da família influenza, que sofre mutações frequentes. Por isso, a vacinação anual é fundamental para garantir proteção, especialmente entre pessoas com mais de 60 anos, gestantes, crianças e pessoas com doenças crônicas.

Os principais sintomas da gripe são: febre alta, dores no corpo, tosse seca, dor de cabeça e mal-estar. Assim como na covid-19, também podem surgir dor de garganta, coriza e cansaço. A diferença, nesse caso, está no tempo de incubação: a gripe costuma se manifestar rapidamente, em até dois dias após o contato com o vírus, enquanto a covid-19 pode demorar até cinco dias para apresentar sintomas.

Por mais que seja considerada comum, a gripe não deve ser subestimada. Em casos graves, pode evoluir para pneumonia ou provocar complicações em pessoas com baixa imunidade.

Resumo: Diferenciar dengue, covid-19 e gripe pode ser difícil diante da semelhança entre os sintomas. No entanto, alguns sinais específicos ajudam a levantar suspeitas — e, mais importante do que tentar adivinhar, é procurar atendimento médico para confirmação e tratamento adequado.

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