O cenário da tecnologia global passa por uma transformação sem precedentes e, no centro dessa mudança, está o Google, impulsionado pela inteligência artificial (IA). Demis Hassabis, head da Google DeepMind e laureado com o Prêmio Nobel, declarou em entrevista ao The Guardian que a IA “será 10 vezes maior que a Revolução Industrial – e talvez 10 vezes mais rápida”.
Para o executivo, estamos prestes a entrar em uma era de “abundância radical”, marcada pelo avanço tecnológico acelerado e uma redefinição do trabalho, da ciência e da sociedade.
O Google lidera a corrida global pela IA
Hassabis, reconhecido por feitos como o AlphaFold — IA que desvendou a estrutura de mais de 200 milhões de proteínas —, defende que o Google está posicionando a IA no coração de tudo: desde o buscador com respostas inteligentes, passando por assistentes como o Gemini, até novos óculos digitais e ferramentas de tradução automatizada. “A DeepMind virou a ‘sala de máquinas’ do Google”, destacou, com pesquisadores dedicados a conquistar a tão almejada IA geral (AGI), que poderia rivalizar com a inteligência humana em até 10 anos.
Segundo o executivo, a amplificação proporcionada pela IA vai além da força que a Revolução Industrial trouxe para o trabalho físico. “Assumindo que conduzir essa tecnologia de forma segura e responsável, teremos uma prosperidade incrível para a sociedade”, afirmou Hassabis. Sua visão combina otimismo e cautela, enfatizando a importância de regulamentação, ética e distribuição justa dos benefícios.
Impactos da IA: desafios, oportunidades e profissões do futuro
A adoção em massa da IA pelo Google levanta questões sobre perdas de emprego e uso ético da tecnologia. Hassabis reconhece que haverá disrupção no mercado de trabalho e ressalta a importância de novos papéis que surgirão, principalmente para quem dominar ferramentas e conceitos de IA. Para navegar nesse novo cenário, ele indica:
Apostar em educação STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática)
Aprender a utilizar IA como ferramenta de potencialização
Desenvolver habilidades criativas e humanas, como empatia e pensamento crítico
Encarar a IA como “copiloto”, com humanos guiando o propósito e o impacto social
Adaptar-se continuamente, acompanhando a evolução tecnológica
Apesar do avanço acelerado, Hassabis argumenta que algumas funções – especialmente aquelas ligadas à empatia, como a enfermagem – serão menos impactadas pela automação, pois desempenham papéis humanísticos insubstituíveis. “A IA pode automatizar tarefas repetitivas e diagnósticos, mas o cuidado humano ainda é essencial”, ressaltou.
Ética, abundância e o futuro pós-IA
Com a promessa de “abundância radical”, o Google também precisa enfrentar desafios éticos, como consumo de energia, risco de desinformação, uso de dados sensíveis e discriminação algorítmica. Hassabis reforça a necessidade de debate público e regulação global, comparando a criação de uma agência internacional do porte do IPCC (do clima) para vigiar o desenvolvimento da IA.
Qual o futuro da inteligência artificial? (Créditos: WANAN YOSSINGKUM / iStock)
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Ele prevê que a sociedade terá mais tempo livre para atividades sociais, criativas e filosóficas se souber distribuir os frutos do avanço tecnológico. “O grande dilema será decidir o que fazer com esse novo mundo: quais serão nossos propósitos, sentidos e prioridades?” conclui o executivo do Google, reforçando sua confiança na adaptabilidade do ser humano: “Acredito na engenhosidade humana. Acho que vamos acertar dessa vez”.
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