Localizada a pouco mais de quatro anos-luz do Sistema Solar, Proxima Centauri é uma anã vermelha conhecida como a estrela mais próxima do Sol. Ela faz parte de um sistema estelar triplo, junto de duas estrelas maiores parecidas com a nossa: Alpha Centauri A e Alpha Centauri B.
Alpha Centauri A e B orbitam uma à outra bem de perto, enquanto Proxima Centauri gira ao redor desse par a uma distância bem maior. Juntas, elas formam o sistema Alpha Centauri.
De acordo com o guia de observação astronômica EarthSky.org, a anã vermelha possui três planetas confirmados em sua órbita: Proxima b, Proxima c e Proxima d, que, por enquanto, são os exoplanetas mais próximos da Terra. Nos últimos anos, astrônomos observaram sinais que poderiam indicar a presença de planetas em Alpha Centauri A e B, sem confirmação – no entanto, novas observações do Telescópio Espacial James Webb (JWST), da NASA, podem mudar esse cenário.
Sistema estelar triplo Alpha Centauri. Crédito: Laboratório de Imagens Conceituais do Centro Espacial Goddard/NASA
Planeta gigante pode orbitar na zona habitável de “irmã gêmea” do Sol
Medições feitas com o observatório mais poderoso da atualidade reforçam a possibilidade de Alpha Centauri A (que, segundo a NASA, é considerada “gêmea” do Sol) abrigar ao menos um planeta em sua órbita – um gigante gasoso com massa semelhante à de Saturno, situado na chamada zona habitável da estrela, onde as condições são favoráveis à existência de água em estado líquido. Embora não seja um planeta rochoso, como a Terra, sua descoberta representa um avanço importante na busca por mundos fora do Sistema Solar.
Ele foi detectado com o uso do MIRI (sigla em inglês para “Instrumento Médio Infravermelho”) do Webb, que possui uma máscara coronográfica capaz de bloquear a luz da estrela para revelar objetos mais fracos no entorno.
Busca observacional do Telescópio Espacial James Webb por um planeta ao redor da estrela Alpha Centauri A. No primeiro painel, o brilho intenso de Alpha Centauri A e Alpha Centauri B. No painel do meio, o sistema capturado com uma máscara coronográfica colocada sobre Alpha Centauri A para bloquear a luz. No último painel, os astrônomos subtraíram os padrões conhecidos (usando imagens de referência e algoritmos) para limpar a imagem e revelar fontes tênues como o possível planeta. Créditos: NASA, ESA, CSA, STScI, A. Sanghi (Caltech), C. Beichman (NExScI, NASA/JPL-Caltech), D. Mawet (Caltech); Processamento de imagens: J. DePasquale (STScI)
O maior desafio foi eliminar também o brilho da parceira Alpha Centauri B. No entanto, os cientistas conseguiram subtrair a luz das duas estrelas e identificar um sinal muito fraco, mas consistente, que pode indicar a presença de um planeta.
Alpha Centauri is made up of a binary system of Sun-like stars (A & B) and a faint red dwarf (proxima). Webb data has provided the strongest evidence for a gas giant orbiting star A. pic.twitter.com/gDJbzpp0vw
— NASA Webb Telescope (@NASAWebb) August 7, 2025
“Essas observações são incrivelmente desafiadoras, mesmo com o telescópio espacial mais poderoso do mundo, porque essas estrelas são muito brilhantes, próximas e se movem rapidamente pelo céu”, disse Charles Beichman, do Laboratório de Propulsão a Jato da (JPL) NASA, coautor principal dos novos artigos em um comunicado. “O Webb foi projetado e otimizado para encontrar as galáxias mais distantes do Universo. A equipe teve que criar uma sequência de observação personalizada apenas para este alvo, e seu esforço extra valeu a pena espetacularmente.”
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Coliderado por Aniket Sanghi, estudante de pós-graduação no Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), o trabalho está descrito em dois artigos disponíveis no repositório de pré-impressão arXiv, já aceitos para publicação na revista científica The Astrophysical Journal Letters (confira aqui e aqui).
Se confirmado, esse será o planeta mais próximo da Terra já detectado por imagem direta na zona habitável de uma estrela semelhante ao Sol. A equipe pretende continuar as observações com o JWST e também com futuros telescópios, como o Nancy Grace Roman, um observatório espacial também pertencente à NASA, e o Telescópio Europeu Extremamente Grande (E-ELT), baseado em solo, em construção no Chile pelo Observatório Europeu do Sul (ESO).
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