Mulher confunde sintomas de câncer de intestino avançado com gravidez

Quando a inglesa Zara McCormick, 36 anos, passou a ter sintomas de anemia, como fadiga e falta de ar constante, ela acreditou que esses eram sinais claros de uma nova gravidez. Mas um diagnóstico completamente diferente veio próximo ao aniversário de 1 ano de seu filho, Lewis, em 2023.

Após a persistência dos sintomas, uma bateria de exames revelou um câncer colorretal em estágio 3, com mutação MSI-H (instabilidade de microssatélites alto, na sigla em inglês), característica rara em pessoas com esse tipo de câncer.

“Não tinha nenhum dos sintomas típicos, como sangue nas fezes, então o diagnóstico foi um choque enorme. No início, fiquei bastante hesitante em fazer um teste”, contou a inglesa no site do The Christie NHS Foundation Trust, hospital em Manchester onde recebeu tratamento.

O câncer colorretal, também chamado de câncer do intestino ou cólon e reto, geralmente só é identificado em fase avançada, o que dificulta o sucesso do tratamento. Quando os sintomas começam a surgir, em geral são inespecíficos.

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Câncer colorretal: quais são os exames preventivos e quando fazer

Os médicos sugeriram que Zara participasse de um ensaio clínico para o teste de um imunoterápico experimental antes da cirurgia. Médicos do The Christie NHS Foundation Trust avaliavam se o uso do pembrolizumabe poderia aumentar as chances de remoção completa do tumor e ajudar na prevenção de recidivas.

Em junho de 2023, a britânica iniciou o primeiro dos três ciclos de imunoterapia com o medicamento. Exames mostraram significativa redução no tumor e nos gânglios linfáticos. A cirurgia aconteceu em setembro do mesmo ano, e os exames subsequentes revelaram ausência de células cancerígenas — restando apenas a cicatriz, configurando uma resposta completa ao tratamento.

Sinais de alerta do câncer de intestino

Presença de sangue nas fezes, seja vermelho vivo ou escuro, com ou sem muco.
Sintomas irritativos, como alteração do hábito intestinal e que provoca diarreia crônica e necessidade urgente de evacuar, com pouco volume fecal.
Sintomas obstrutivos, como afilamento das fezes, sensação de esvaziamento incompleto, constipação persistente de início recente, cólicas abdominais frequentes associadas a inchaço abdominal.
Sintomas inespecíficos, como fadiga, perda de peso e anemia crônica.

Zara McCormick confundiu sintomas do câncer colorretal com gravidez antes de receber o diagnóstico

Dois anos após o tratamento, Zara se considera livre do câncer. Ela faz exames a cada seis meses e colonoscopias anuais para monitoramento contínuo. Em depoimento através das redes sociais do hospital onde foi tratada, ela conta que o ensaio clínico com o imunoterápico foi sua primeira linha de tratamento — desmistificando a ideia de que testes de medicamentos são apenas para casos em estágios avançados.

Zara agradece a equipe médica por todo o suporte recebido. “Eles se deram ao trabalho de conversar comigo sobre tudo e responder a todas as minhas perguntas. Explicaram que meu tipo de câncer poderia não responder à quimioterapia — o tratamento padrão atualmente disponível — e me deram todas as informações necessárias para que eu fizesse a escolha certa”, disse.

Após o tratamento, a britânica retornou ao trabalho e agora foca em recuperar a energia para acompanhar o ritmo do filho. Ela também participa de grupos de apoio ao câncer colorretal e espera celebrar o décimo aniversário de casamento e acompanhar Lewis começar a escola.

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