10 dos piores acidentes nucleares da história

Os acidentes nucleares são situações imprevistas relacionadas à geração de energia ou manuseio de material radioativo. Mesmo com todos os protocolos de segurança adotados nessas instalações, falhas técnicas e humanas, ou mesmo desastres naturais, podem causar esses reveses. Mas quais são os piores acidentes nucleares da história?

A principal função de uma usina nuclear é gerar eletricidade. Com o debate sobre as mudanças climáticas cada vez mais acirrado, há quem defenda essa forma de gerar energia e há quem critique. 

Os apoiadores defendem que se trata de uma fonte de energia sustentável porque não produz emissões de carbono. Já os que se opõem a ela, utilizam a história para corroborar seus argumentos de que basta um acidente nuclear acontecer para que haja efeitos devastadores, inclusive a longo prazo.

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10 dos piores desastres nucleares da história

Os acidentes nucleares podem causar danos graves ao meio ambiente, à saúde humana, como alguns tipos de câncer e também mutações genéticas. Alguns locais onde esses acidentes aconteceram estão proibidos de terem habitação por milhares de anos – como é o caso de Chernobyl. 

A primeira usina nuclear foi inaugurada em 1954, na Rússia. De lá pra cá, muitos acidentes nucleares aconteceram. Por isso, em 1990, foi criada a Escala Internacional de Eventos Nucleares e Radiológicos (INES) para medir a segurança desses imprevistos. A INES classifica os eventos nucleares numa escala de 0 a 7.

Os acidentes nucleares que veremos a seguir estão dentro da escala grave, ou seja, são iguais ou superiores a 4.

1 – Chernobyl, Ucrânia (Nível 7)

O pior acidente nuclear da história aconteceu em abril de 1986 em Chernobyl, na atual Ucrânia. Falhas no projeto do reator nuclear 4 e a falha humana, trabalhadores da usina não seguiram alguns protocolos de segurança, causaram a explosão seguida de incêndio. 

Cientistas estimaram, à época, que a precipitação radioativa desta explosão foi 400 vezes maior do que a ocorrida em Hiroshima e Nagasaki na Segunda Guerra Mundial. Tanto é que a Suécia foi afetada pela contaminação da atmosfera. 

Zona de exclusão de Chernobyl é de um raio de 30 quilômetros (Imagem: Serkant Hekimci/Shutterstock)

De acordo com dados oficiais, 31 pessoas morreram imediatamente após o acidente. Mas a Organização das Nações Unidas (ONU) estimam 50 mortes e o deslocamento de 300 mil pessoas que precisaram deixar suas casas. Estudos conduzidos dentro e fora da Ucrânia, apontam milhares de mortes ocorridas a longo prazo, muitas delas de crianças e adolescentes que desenvolveram câncer de tireoide devido à exposição radioativa. 

Uma zona de exclusão de 30 quilômetros de largura foi estabelecida ao redor do reator. Chernobyl deve permanecer inabitável por pelo menos 20 mil anos. 

2 – Fukushima, Daiichi, Japão (Nível 7)

O segundo pior acidente nuclear da história aconteceu no nordeste do Japão em março de 2011. Um terremoto de 9.1 na escala Richter provocou um tsunami com ondas de mais de 40 metros. Segundo a Agência de Energia Nuclear, o desastre natural acabou derretendo o núcleo de três dos seis reatores da Usina Nuclear de Fukushima Daiichi.  

O tsunami causou inundação da instalação, então os circuitos de resfriamento foram perdidos. As altas temperaturas levaram a reações químicas que liberaram quantidades significativas de gás hidrogênio, o que causou a explosão dos três reatores. 

Situação de Fukushima, no Japão, após passagem de tsunami, em 2011. Crédito: Fly_and_Dive – Shutterstock

Embora duas pessoas tenham morrido como consequência direta do acidente, cerca de 160 mil tiveram que deixar a área, tanto por causa dos efeitos radioativos, como do tsunami – análises pós-acidente verificaram que a radiação não causou nenhum impacto direto na saúde humana.

Nos meses seguintes, o governo japonês trabalhou na descontaminação da região e permitiu o retorno de parte dos moradores. Mas, ainda em 2020, mais de 41 mil pessoas ainda estavam fora da região. 

3 – Kyshtym, Rússia (Nível 6)

O terceiro pior acidente nuclear da história aconteceu em setembro de 1957 em Kyshtym, na antiga União Republicana Socialista Soviética (URSS). Após a Segunda Guerra Mundial, o país decidiu investir em segurança nacional e para isso construiu Mayak, uma usina de processamento de plutônio para a construção de armas nucleares.

Mas uma falha não reparada em um dos sistemas de resfriamento gerou um aumento na temperatura e uma explosão com a força de 100 toneladas de TNT. Uma nuvem radioativa com milhares de partículas com Césio-137 se estendeu por uma área de 350 quilômetros, cerca de 10 mil pessoas que moravam em vilarejos na região tiveram de se retirar. 

Memorial criado em Kyshtym, na Rússia. (Imagem: Shutterstock)

Como o programa de armas nucleares era secreto, não informaram aos moradores por que eles estavam deixando as suas casas, nem dos riscos à saúde a que estavam expostos. A falta de transparência se deu também em relação ao mundo, os soviéticos passaram anos negando a tragédia e só assumiram o acidente em 1989.

O Instituto Russo de Biofísica de Chelyabinsk estimou que mais de 8 mil pessoas morreram em decorrência de complicações causadas pelo efeito da radioatividade. Atualmente a região virou uma reserva natural a fim de evitar visitação.

4 – Windscale, Reino Unido (Nível 5)

O quarto pior acidente nuclear da história aconteceu em outubro de 1957 no Reino Unido. Após a Segunda Guerra Mundial, a Inglaterra resolveu construir a sua própria bomba atômica na cidade Windscale. 

Mas um dos reatores superaqueceu por falta de manutenção, rompendo os cartuchos de urânio, o que causou um incêndio com duração de dias. A combustão liberou materiais radioativos como iodo-131, césio-137 e polônio-210 pelo ar por quilômetros de distância. 

(Imagem: Prasit Rodphan/Shutterstock)

O acidente nuclear afetou a produção de leite na região, então o governo proibiu a venda do produto num raio de 500 quilômetros por meses, bem como a biodiversidade local. Animais sofreram mutações e tiveram diversos problemas de saúde, bem como os humanos. Mais de 200 pessoas morreram de câncer nas cidades próximas à explosão nos meses seguintes.

Mesmo após a descontaminação da região, ainda hoje existem registros radioativos na cidade. Em decorrência disso, Windscale ainda é monitorada pelo governo para que a área não apresente perigo aos moradores.

5 – Three Mile Island, Pensilvânia, Estados Unidos

O quinto pior acidente nuclear da história aconteceu em março de 1979 na Pensilvânia. Uma válvula de pressão apresentou um defeito repentino, o que causou escoamento da água do reator responsável por seu resfriamento. O superaquecimento chegou a 2.070 graus Celsius, o que gerou a liberação de gás radioativo.

Memorial Three Mile Island. (Imagem: Shuttherstock)

Mulheres e crianças que moravam em um raio de oito quilômetros foram aconselhadas a deixar a área, e os demais deveriam ficar trancados em casa. Mas o informativo causou pânico na população, e cerca de 140 mil pessoas deixaram a cidade. 

Este acidente nuclear não causou vítimas fatais, embora tenha lesado gravemente quatro funcionários expostos à alta radiação. No entanto, ele moveu a opinião pública em torno do tema, o que fez com que muitas pessoas se tornassem contrárias a essa forma de geração de energia. 

6 – First Chalk River, Canadá (Nível 5)

O sexto pior acidente nuclear da história aconteceu em dezembro de 1952 no Canadá. O reator NRX sofreu uma falha no desligamento, isto somado a decisões equivocadas dos operadores levou a uma reação em cadeia de fissão nuclear, que duplicou a potência do reator atômico causando a sua explosão.

Houve um extenso derramamento de combustível, e, em seguida, o fechamento da haste de controle também não funcionou. O que desencadeou uma série de explosões de gás hidrogênio, também conhecidas como explosões de vapor, de quatro toneladas pelo ar. 

O acidente Chalk River não teve consequências graves, mas foi necessário um amplo trabalho de limpeza para restaurar a região. Estima-se que mais de mil pessoas participaram nos esforços de reestruturação que duraram cerca de dois anos. 

7 – Jaslovskè Bohunice, Tchecoslováquia (Nível 4)

O sétimo pior acidente nuclear da história aconteceu em fevereiro de 1977 na Tchecoslováquia. A usina de Bohunice foi criada em 1970 para atender às crescentes demandas por energia e também para aumentar a produção de plutônio para fins militares.

Usina em Jaslovskè Bohunice. (Imagem: Shutterstock)

Mas, durante uma operação de rotina, um trabalhador removeu as hastes de resfriamento incorretamente durante uma troca de combustível, o que ocasionou um vazamento de gases radioativos.

Não existem estimativas ou dados oficiais sobre mortos e feridos porque o governo, à época, encobriu o fato, não fornecendo detalhes sobre o acidente.

8 – Usina Experimental de Energia SL-1, Idaho, EUA (Nível 4)

O oitavo pior acidente nuclear da história aconteceu em janeiro de 1961. O reator nuclear SL-1, localizado em Idaho, era responsável por fornecer energia para pequenas instalações militares. 

Após uma parada estratégica de 11 dias para manutenção, operadores foram religar o reator. Mas houve uma falha na haste de controle, que era operada manualmente. Então, ao ser puxada, o resultado foi uma explosão de vapor tóxico instantânea. Três operadores morreram na hora.

Embora tenha sido um acidente mortal, não houve consequências maiores fora da usina. A contaminação radioativa se manteve dentro da instalação.

9. Saint-Laurent, França (Nível 4)

O nono pior acidente nuclear da história foi duplicado, dois acidentes nucleares de nível 4 aconteceram na mesma instalação na França. 

O primeiro foi em 1969, durante um reabastecimento. Uma falha técnica somada a um erro humano causou o derretimento de urânio presente no reator UNGG – mais precisamente 50 quilos – causando um colapso parcial. 

Usina em Saint-Laurent. (Imagem: Shuttherstock)

Para que a situação não se degradasse, trabalhadores passaram um ano higienizando o reator, sendo expostos a um ambiente extremamente tóxico. Nessa empreitada, conseguiram recuperar 47 quilos do urânio derretido e nenhuma morte foi contabilizada. Mas, em 1980, houve outro acidente. 

Desta vez, o reator A-2 sofreu um aumento descontrolado na atividade de fissão nuclear, gerando um superaquecimento que levou à dissolução do núcleo do reator. Essa falha levou ao derretimento de 20 quilos de combustível nuclear. 

Desta vez a limpeza levou 29 meses, e mais de 500 especialistas trabalharam no descarte de urânio fundido. As autoridades informaram que o acidente não gerou danos significativos ao meio ambiente.

10. Tokaimura, Japão (Nível 4)

O décimo pior acidente nuclear da história aconteceu em 1999 no Japão. O acidente aconteceu em uma instalação de processamento de combustível nuclear. Por razões de segurança, havia um limite rigoroso na quantidade de urânio utilizado – fixado em no máximo 2,4 kg – que poderia ser adicionado ao tanque de precipitação para evitar uma reação nuclear.

A quantidade total de solução no tanque excedeu a massa crítica necessária para iniciar uma reação em cadeia de fissão nuclear. Embora não tenha havido uma explosão, a combinação equivocada iniciou uma intensa emissão de nêutrons e radiação gama.

Dois trabalhadores morreram, e outros 56 foram intoxicados. Foi solicitado que 310 mil moradores que estavam num raio de 10 quilômetros da usina ficassem em suas casas até que a situação fosse normalizada.

Como esse acidente foi causado por erro humano, as autoridades decidiram que as usinas de processamento de combustível do país deveriam ser totalmente automatizadas para evitar incidentes semelhantes no futuro. Após esse episódio, a usina de Tokaimura foi fechada e encerrou as operações.

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