Luto canino: entenda como os cães lidam com o sentimento da perda

Por mais que os cães não compreendam a morte como os seres humanos, o sentimento de perda pode ser profundo. Seja todo dia, quando os tutores saem para trabalhar, ou até mesmo em casos mais dolorosos, como falecimentos, os cachorros sentem por serem apegados a seus donos. A ausência repentina de quem fazia parte da rotina pode desencadear comportamentos ligados a sofrimento emocional.

Os cachorros não sentem luto no sentido humano, tendo consciência da morte, mas reagem à perda de outras formas. “Os cães são extremamente sensíveis e apegados à sua rotina, à convivência com outros animais e, principalmente, ao vínculo com seus tutores”, explica a veterinária Bárbara Lopes, da clínica Vet Smart, em Brasília.

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Segundo a especialista, cada animal reage de uma forma única. Enquanto alguns ficam mais quietos e introspectivos, enquanto outros podem parecer ansiosos ou desorientados. Perda de apetite, apatia, choramingos, busca constante pela pessoa ou animal que se foi, alterações no sono, vocalizações incomuns e comportamentos destrutivos indicam que os cães estão de luto.

Separações temporárias também incomodam os cães

Engana-se quem acha que só a perda definitiva gera sofrimento. Para os cães, o tempo é vivido no presente e eles não compreendem que o tutor voltará em algumas horas ou dias. “Ele não entende que será por um período temporário e sempre encara como se fosse a última vez que verá o tutor”, afirma o veterinário Thiago Borba, que atua em Brasília.

Mudanças de rotina, viagens prolongadas ou até mesmo o retorno ao trabalho presencial após um longo período em casa podem causar reações semelhantes às do luto. Nessas situações, é essencial não reforçar comportamentos negativos. Ao invés de ajudar, o ato de dar petiscos, colo ou atenção imediata gera ansiedade nos cachorros.

Como ajudar os cães a superar a perda

Mantenha a rotina: horários de alimentação, passeios e descanso devem ser mantidos o mais próximo possível do habitual.
Ofereça estímulos: brinquedos interativos, brincadeiras e momentos de carinho são essenciais.
Evite deixá-lo muito tempo sozinho: a companhia de outro humano, ou mesmo de outro animal, pode ajudar — mas a introdução deve ser feita com cuidado.
Monitore sinais de sofrimento: falta de apetite, tristeza prolongada ou comportamentos compulsivos são alertas para buscar ajuda profissional.

Consequências físicas e emocionais

O melhor amigo do homem também pode desenvolver sintomas físicos caso se sinta abandonado. Perda de apetite (anorexia temporária), emagrecimento sem motivo aparente, problemas gastrointestinais e até queda de imunidade estão entre os indicativos mais comuns. Além disso, há o risco de surgirem transtornos como ansiedade e depressão canina.

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“Oferecer muito carinho, passeios ao ar livre e manter uma alimentação saudável são boas medidas para a minimizar o sentimento de luto, seja por separações temporárias, seja pela morte do tutor”, diz o médico veterinário João Paulo Nunes, da clínica veterinária Saúde Animal, em Goiás.

Se, mesmo após a adoção de medidas, o cão continuar apresentando sinais relacionados ao luto, é indicado procurar orientação veterinária. Em alguns casos, o auxílio de um adestrador comportamental pode ajudar na readaptação.

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