Causa da morte de bilhões de estrelas-do-mar é revelada em estudo

Ao longo da última década, uma doença degenerativa matou bilhões de estrelas-do-mar de pelo menos 20 espécies. Uma das mais afetadas foi a estrela-do-mar-girassol: 90% foram exterminadas na costa dos EUA, colocando-a na Lista Vermelha de espécies criticamente ameaçadas de extinção da União Internacional para a Conservação da Natureza.

Agora, uma pesquisa internacional finalmente revelou a causa por trás das mortes em proporções epidêmicas: uma cepa da bactéria Vibrio pectenicida, que devasta corais e mariscos, podendo afetar humanos (a cólera é causada pela Vibrio cholerae, por exemplo).

“Esta é a descoberta da década para mim”, disse a coautora Drew Harvell, professoara afiliada da Universidade de Washington. “Estudamos tanto a causa quanto os impactos desta doença durante toda a epidemia. O mais incrível é que a resposta estava ali, bem na nossa frente. Este Vibrio é uma criatura sorrateira porque não aparece na histologia como outras bactérias.”

Estrelas-do-mar adultas alimentando-se de mexilhões em laboratório (Imagem: Universidade de Washington)

Em busca do culpado

Ao longo de quatro anos, os cientistas exploraram diversos patógenos possíveis, incluindo vírus. O rumo da pesquisa mudou no momento em que passaram a focar nos altos níveis de V. pectenicida no “sangue” ou fluido celômico de estrelas-do-mar doentes.

“Quando observamos o fluido celômico entre estrelas-do-mar expostas e saudáveis, havia basicamente uma coisa diferente: Vibrio”, disse a autora sênior Alyssa Gehman, ecologista de doenças marinhas do Instituto Hakai e da Universidade da Colúmbia Britânica. “Todos nós sentimos calafrios. Pensamos: ‘É isso. Nós temos isso. É isso que causa a definhamento.’”

A prova final se deu após a criação de culturas puras de V. pectenicida a partir do fluido celômico de estrelas-do-mar doentes. O patógeno foi injetado em estrelas-do-mar saudáveis, que desenvolveram sintomas da doença degenerativa causada pela cepa FHCF-3.

Cientista injeta uma estrela-do-mar para expô-la à doença debilitante no início de um novo experimento (Imagem: Universidade de Washington)

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Recuperando ecossistemas

A perda de bilhões de estrelas-do-mar alterou a dinâmica ecológica de ecossistemas costeiros, já que algumas espécies sustentam as florestas de algas marinhas ao se alimentar de ouriços-do-mar que também as comem. 

“Na ausência de estrelas-do-mar-girassol, as populações de ouriços-do-mar aumentam, o que significa a perda de florestas de algas marinhas, e isso tem amplas implicações para todas as outras espécies marinhas e humanos que dependem delas. Portanto, a perda de uma estrela-do-mar vai muito além da perda dessa única espécie”, disse a autora principal Melanie Prentice , ecologista evolucionista do Instituto Hakai.

Da esquerda para a direita: Alyssa Gehman, Grace Crandall, Melanie Prentice e Drew Harvell (Imagem: Universidade de Washington)

Agora, os pesquisadores vão investigar potenciais características da resiliência da doença e também apurar a ligação do patógeno com o aumento da temperatura dos oceanos (os efeitos foram piores em águas mais quentes). A descoberta também pode ajudar nos esforços de recuperação de ambientes afetados pela presença da bactéria.

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