Em um levantamento feito com 350 técnicos e especialistas nos Estados Unidos, a Salesforce revelou que 81% dos entrevistados consideram que os agentes de IA (inteligência artificial) podem trazer mais eficiência para as suas funções. E quando os “times” dessa tecnologia são formados, até que pontos podemos chegar? É essa resposta que os multiagentes de IA vêm trazendo para diversos negócios.
Em vez de depender de um único sistema ou decisões lineares, essas equipes de robôs trabalham de forma distribuída, autônoma e cooperativa, se comunicando entre si e atuando com mais rapidez. Isso agrega uma maior adaptabilidade aos processos, descentraliza a inteligência e traz um aspecto colaborativo de ponta a ponta, onde o dado é gerado e onde a ação precisa acontecer.
O resultado? As empresas têm a chance de resolver problemas mais complexos de maneira otimizada, automatizando operações e promovendo produtividade.
Áreas que lidam com grandes volumes de dados em tempo real e múltiplas variáveis, por exemplo, podem se transformar totalmente. É o caso do mercado financeiro, que pode garantir uma tomada de decisão distribuída em gestão de risco, detecção de fraudes e previsões. O setor de cibersegurança, que consegue responder a incidentes com mais rapidez. E ainda a própria educação corporativa, usando a tecnologia para apoiar o desenvolvimento de talentos, criar trilhas personalizadas e medir interações entre pares e mentores.
Novo papel dos profissionais humanos
Mais do que ter a maturidade tecnológica para utilizar multiagentes de IA, incorporar essa tecnologia depende de uma questão organizacional. Não basta a empresa se digitalizar e distribuir algumas tarefas, é preciso orquestrar propósitos.
O papel humano muda. À medida que os agentes assumem atividades operacionais, analíticas e até parte da tomada de decisão, os profissionais passam a ser chamados a atuar como intérpretes e arquitetos de sistemas complexos. O diferencial é menos sobre saber todas as técnicas e mais sobre saber navegar, contextualizar, se adaptar e decidir com inteligência sistêmica, pensamento crítico e criatividade aplicada.
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Na prática, isso começa com o desenho de regras de cooperação entre os robôs e os humanos, definindo objetivos compartilhados que sirvam como bússola coletiva. Todos os times, sejam eles formados por máquinas ou pessoas reais, devem compreender o que fazem e para onde vão.
Esse nível de sintonia é o que permite evitar conflitos entre agentes, sem dar espaço a ineficiências, resultados contraditórios ou ainda falta de coordenação dinâmica, com a IA operando com percepções desatualizadas ou desinformadas do ambiente. Claro! Nenhuma falha se torna escalável, afastando a possibilidade de um pequeno erro se transformar em um problema gigantesco.
Ética e responsabilidade
Uma das perguntas mais óbvias quando falamos de multiagentes de IA é se estamos preparados para redes de decisão que não controlamos totalmente, mas que nos representam. Porque, no fundo, é isso que esses sistemas são: redes que aprendem, se ajustam e agem.
Claramente, fatores como maturidade institucional e governança distribuída são indispensáveis para responder essa pergunta. No entanto, nada disso importa se não pensarmos na IA com ética e responsabilidade.
Lideranças e profissionais precisam refletir sobre que valores estão sendo transmitidos quando máquinas passam a negociar entre si em nome das empresas. O teor dos objetivos que os agentes estão otimizando deve estar claro, assim como as pessoas que respondem por cada impacto dessa tecnologia, seja positivo ou negativo.
Multiagentes não são apenas sobre escala e automação, mas sim sobre como queremos nos posicionar em rede, como organizações, como sociedade e como espécie. Precisamos fomentar uma abordagem crítica na implementação desses sistemas, sem vieses algorítmicos ou falta de supervisão. Só assim vamos aproveitar todos os seus benefícios sem correr riscos.
Eliminando essa preocupação, não há dúvidas de que a lógica dos multiagentes também será uma metáfora para a empresa do futuro: menos hierárquica, mais colaborativa, mais inteligente e mais viva.
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