Crianças e adolescentes são os mais afetados por efeitos de intoxicações causadas pela maconha nos Estados Unidos, segundo levantamento realizado pelo jornal The New York Times. Eles respondem por 75% dos casos envolvendo produtos comestíveis.
Em 2009, o país registrou 930 pacientes intoxicados por cannabis; no ano passado, esse número passou de 22 mil, de acordo com dados coletados dos Centros de Controle de Intoxicações dos EUA. Destes, mais de 13 mil foram considerados letais.
A maioria das vítimas foi hospitalizada com paranoia, vômitos ou outros sintomas de envenenamento. Parte delas consumiu a substância através de produtos que pertenciam a parentes ou amigos, incluindo gummies de maconha (balas comestíveis).
Consequências graves
Na maioria dos casos, não há registros de sequelas, mas há casos de intoxicações que levaram a problemas respiratórios, por exemplo. No ano passado, mais de cem pacientes dos 620 relatados aos centros, necessitaram de ventiladores.
“Eu definitivamente já vi crianças de 2 anos extremamente psicóticas esperando que a maconha saísse do organismo delas porque elas comeram as gomas de alguém”, contou a pediatra Shamieka Virella Dixon, do Hospital Infantil Atrium Health Levine em Charlotte, na Carolina do Norte, ao jornal.
Em Oregon, o médico Robert Hendrickson, emergencista e professor da Universidade de Saúde e Ciência, testemunhou o aumento do número de casos entre crianças — uma delas, após comer um biscoito. “A criança teve uma convulsão e depois foi colocada em um ventilador, e teve várias outras convulsões”, contou ao jornal.
Desde 2009, o país contabiliza quatro mortes “provavelmente causadas” por intoxicação da maconha, de acordo com registros nos Centros de Controle de Intoxicações dos EUA. Os dados de 2024 ainda não foram revisados.
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País liberal?
A cannabis é legalizada em vinte estados, cada um estabelecendo um limite comestível de THC (componente intoxicante da maconha). No entanto, médicos relataram ao NYT que os níveis têm sido “muito altos”: a média é de 100 miligramas por pacote, mas Michigan permite até 200 miligramas, por exemplo.
A reportagem cita um estudo que mostrou como a substância apresenta maior probabilidade de causar intoxicação severa, sintomas psiquiátricos agudos em pessoas sem histórico de doença psiquiátrica e problemas cardiovasculares.
Especialistas consultados pela matéria também criticam embalagens e marketing que podem atrair crianças para consumir cannabis. Mesmo assim, a indústria da cannabis se mantém firme alegando que qualquer mudança pode levar o consumidor para o mercado ilegal, o que inibiria arrecadações tributárias aos estados.
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