Selo milenar com referência bíblica é encontrado em Jerusalém

Um selo de argila do período do Primeiro Templo (séculos VII-VI a.C.), contendo um nome hebraico mencionado na Bíblia, foi descoberto por pesquisadores do Temple Mount Sifting Project em Jerusalém, Israel. O artefato, minúsculo, mas de grande significado histórico, traz a inscrição em paleo-hebraico: “Pertence a Yed[a‛]yah (filho de) Asayahu”.

Segundo o arqueólogo Zachi Dvira, codiretor do projeto ao lado do Dr. Gabriel Barkay, esta é apenas a segunda vez em mais de 20 anos de escavações que um selo com inscrição quase completa é encontrado.

“Normalmente não divulgamos descobertas tão rapidamente, mas este selo é muito claro, e a Dra. Anat Mendel-Geberovich, especialista em escrita hebraica antiga, confirmou sua autenticidade”, completou a especialista ao The Times of Israel. A revelação foi acelerada também por sua proximidade com Tisha B’Av, dia de luto judaico que marca a destruição dos Primeiro e Segundo Templos (em 586 a.C. e 70 d.C., respectivamente).

O arqueólogo Mordechai Ehrlich, do Projeto de Peneiramento do Monte do Templo, segura um selo de argila (Imagem: Temple Mount Sifting Project)

Selo raro pode confirmar trechos da bíblia

O nome Asayahu (ou Asaías) aparece em passagens bíblicas relacionadas ao reinado de Josias, monarca de Judá no século VII a.C. Por exemplo:

II Crônicas 34:20 menciona “Asaías, servo do rei” entre os conselheiros de Josias.

II Reis 22:12 repete o nome em contexto semelhante.

A versão do selo inclui um sufixo (“Yahu”), comum em nomes hebraicos antigos para indicar ligação com Deus (YHWH). “Nomes com variações assim eram usados alternadamente”, destacou Dvira.

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No período do Primeiro Templo, bulas (selos de argila) eram usadas para proteger documentos ou armazéns, impressas em cordas que lacravam portas ou vasos. “O dono deste selo era um administrador do Monte do Templo, mas não sabemos se servia ao tesouro real ou ao templo”, explicou Dvira.

O Monte do Templo, local sagrado para judeus e muçulmanos (que o chamam de Haram al-Sharif), não permite escavações tradicionais. O material analisado pelo projeto vem de 9 mil toneladas de terra removidas ilegalmente em obras da Waqf islâmica nos anos 1990.

Projeto de construção ilegal no Monte do Templo em 1999. (Imagem: Polícia de Israel)

Desde 2005, mais de 260 mil voluntários peneiraram a terra, encontrando moedas, joias e ossos, além de outros selos. O novo artefato foi identificado em um recipiente de ossos pelo arqueólogo Mordechai Ehrlich e analisado com fotografia digital avançada (RTI) para revelar detalhes da inscrição.

Apesar da queda no turismo devido à guerra em Gaza, o trabalho continua. “Muitos israelenses vêm no verão, mas esperamos o retorno de voluntários estrangeiros em 2026”, finaliza Dvira.

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