Um artigo publicado na revista Nature Astronomy descreve a descoberta de uma galáxia distante com cerca de 15 aglomerados compactos de formação de estrelas, organizados como um cacho de uvas. Apelidada de “Uvas Cósmicas”, essa galáxia teria se formado apenas 930 milhões de anos após o Big Bang – mostrando que o Universo jovem podia produzir estruturas mais complexas do que os astrônomos imaginavam.
A observação foi possível graças à combinação de dados do Telescópio Espacial James Webb (JWST) da NASA, e do Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), rede de radiotelescópios que fica no Chile.
Em poucas palavras:
Estudo descobre “Uvas Cósmicas”, uma galáxia com 15 aglomerados compactos de estrelas;
Ela se formou apenas 930 milhões de anos após o Big Bang;
Galáxia foi detectada por observações combinadas do JWST e do ALMA, sendo ampliada pelo método de lente gravitacional;
Isso permitiu analisar detalhes inéditos sobre aglomerados e formação estelar interna;
A descoberta muda a visão do crescimento galáctico no Universo primordial.
Imagens no infravermelho próximo obtidas pelo JWST do aglomerado de galáxias “RXCJ0600-2007”, que causa um efeito de lente gravitacional. Observações inéditas de alta resolução revelaram a estrutura de uma galáxia distante no universo primordial composta por mais de 15 aglomerados compactos formadores de estrelas, dispostos como um “cacho de uvas” (painel ampliado). Crédito: NASA/ESA/CSA/Fujimoto et al.
Galáxia das “Uvas Cósmicas” foi encontrada por mais de 100 horas de observação
Os astrônomos responsáveis pela detecção usaram a técnica de lente gravitacional, método por meio do qual uma galáxia em primeiro plano, como a RXCJ0600-2007, neste caso, atua como uma lupa cósmica, ampliando a luz de objetos distantes para os telescópios.
O estudo foi liderado por Seiji Fujimoto, na época pesquisador da Universidade do Texas em Austin, nos EUA, e atualmente na Universidade de Toronto, no Canadá. Em comunicado, ele destacou que a combinação da ampliação natural e dos telescópios mais avançados do mundo permitiu observar a galáxia com detalhes inéditos. Foram mais de 100 horas de observações, mostrando uma visão interna muito mais rica do que as imagens anteriores do Hubble, que sugeriam apenas um disco liso e giratório.
As Uvas Cósmicas apareceram inicialmente em dados anteriores do Telescópio Espacial Hubble como uma galáxia típica com um disco estelar liso. Crédito: HST/NASA – NSF/AUI/NSF NRAO/B.Saxton.
Com a alta resolução do ALMA e do JWST, os pesquisadores identificaram enormes aglomerados de gás denso prontos para formar estrelas. “Nossas observações revelam que a luz estelar jovem de algumas galáxias primitivas é dominada por vários aglomerados massivos, densos e compactos, em vez de uma distribuição uniforme de estrelas.”, explicou Mike Boylan-Kolchin, professor de astronomia na UT Austin e coautor do estudo. Isso muda a ideia de como estrelas se organizavam em galáxias primitivas.
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A descoberta também ajuda a entender o crescimento inicial das galáxias, ao estabelecer uma ligação clara entre as pequenas estruturas internas – os aglomerados formadores de estrelas – e a rotação da galáxia como um todo. Assim, muitas galáxias vistas como suaves no passado podem, na realidade, conter aglomerados escondidos, revelando um Universo primordial muito mais dinâmico e cheio de surpresas.
Essa observação inédita das “Uvas Cósmicas” reforça a importância de combinar telescópios modernos com fenômenos naturais como lentes gravitacionais, permitindo aos astrônomos desvendar os detalhes de galáxias que existiam há mais de 13 bilhões de anos.
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