Comumente, astrônomos se deparam com exoplanetas em condições semelhantes às da Terra, que permitiriam a existência de vida. No entanto, quase sempre são descobertas características nesses planetas que dificultam essa possibilidade. E não foi diferente com o promissor TRAPPIST-1 d.
Como o nome sugere, o exoplaneta pertence ao sistema TRAPPIST-1, que abriga sete mundos do tamanho da Terra orbitando o tipo mais comum de estrela na galáxia: uma anã vermelha. Essa configuração coloca os planetas em uma situação única. Análises anteriores já haviam descartado vida nos primeiros do sistema (identificados pelas primeiras letras do “alfabeto” do TRAPPIST-1), restando esperanças apenas para o d e seus irmãos mais distantes.
Porém, o planeta — a “terceira rocha” a partir da anã vermelha — pode não ter atmosfera. “Embora sua distância em relação à estrela o coloque no limite de uma zona potencialmente temperada, os dados iniciais do Webb não indicam a presença de atmosfera”, afirma um comunicado da equipe do telescópio James Webb.
O instrumento NIRSpec (Espectrógrafo de Infravermelho Próximo) do Webb não detectou moléculas comuns na atmosfera terrestre, como água, metano ou dióxido de carbono, em TRAPPIST-1 d.
Mas nem tudo está perdido
O estudo, no entanto, não é definitivo. Os pesquisadores destacam que uma atmosfera pode existir sob condições ainda não testadas. Eles ressaltam que isso não significa o fim das esperanças para o sistema TRAPPIST-1, já que os planetas mais externos podem reter atmosferas e água.
“Há várias explicações possíveis para a não detecção de uma atmosfera em TRAPPIST-1 d. Poderia ser uma atmosfera extremamente rarefeita, semelhante à de Marte; nuvens espessas e de alta altitude, como as de Vênus, bloqueando assinaturas atmosféricas; ou, simplesmente, um planeta árido e sem atmosfera”, explica a pesquisadora Piaulet-Ghorayeb.
Além disso, os instrumentos do Webb estão revolucionando o estudo de exoplanetas. “Pela primeira vez, conseguimos investigar atmosferas de planetas menores e mais frios com sensibilidade infravermelha”, diz Björn Benneke, coautor do estudo. “Estamos apenas começando a explorar a linha que separa planetas com atmosfera daqueles sem.”
“Ainda há esperança para atmosferas nos planetas do TRAPPIST-1”, complementa Piaulet-Ghorayeb. “Apesar de não termos encontrado uma assinatura clara no planeta d, os mais distantes podem abrigar água e outros componentes atmosféricos.”
O sistema TRAPPIST-1
Localizado a 40 anos-luz de distância, o sistema TRAPPIST-1 foi revelado em 2017 como recordista em planetas rochosos do tamanho da Terra orbitando uma única estrela — graças aos dados do já aposentado telescópio Spitzer da NASA e outros observatórios.
Por se tratar de uma anã vermelha fraca e fria, sua “zona habitável” (ou “zona Cachinhos Dourados”) — onde a temperatura permite água líquida na superfície — está muito mais próxima da estrela do que no nosso Sistema Solar.
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