Vida em Marte pode ser descoberta de forma simples com tecnologia já existente

Um artigo publicado nesta quarta-feira (13) no periódico científico Nature Partner Journal: Space Exploration propõe uma forma de detectar vida ativa em Marte e em outros planetas usando instrumentos que já estão a bordo de rovers. 

Desenvolvido pelo doutorando Solomon Hirsch e seu orientador, o professor Mark Sephton, do Imperial College London, na Inglaterra, o método aproveitaria o cromatógrafo gasoso com espectrômetro de massas (GC-MS), presente no rover Curiosity, da NASA, que investiga Marte há 13 anos, e o planejado para o rover Rosalind Franklin, da missão ExoMars, programada para ser lançada ao planeta vermelho pela Agência Espacial Europeia (ESA) em 2028. 

Em resumo:

Estudante de doutorado propõe método simples para detectar vida ativa em Marte;

Técnica utiliza GC-MS presente nos rovers Curiosity, da NASA, e Rosalind Franklin, da ESA;

Tecnologia é usada em missões espaciais desde a década de 1970;

Método identifica lipídios polares intactos, comuns em organismos vivos;

Serve para missões espaciais e análise de amostras na Terra.

Essa é uma tecnologia que já voa em missões espaciais desde a década de 1970, tendo sido usada nas sondas Viking I e II.

Representação artística do rover Curiosity, que explora Marte há 13 anos. Crédito: Rawpixel.com – Shutterstock

Economia de tempo e dinheiro na busca por vida em Marte

A proposta chama atenção por dispensar a criação de novos instrumentos, economizando tempo e recursos. Segundo os pesquisadores, a técnica pode revelar sinais claros de organismos vivos ou recentemente mortos, não só em Marte, como também em luas de outros planetas, como Europa, de Júpiter, ou Encélado, de Saturno.

O funcionamento é baseado na detecção de um tipo específico de ligação química presente nas membranas celulares de bactérias e células eucarióticas. Esses componentes, conhecidos como lipídios polares intactos (IPLs), são encontrados na maioria da matéria biológica da Terra e seriam um alvo provável na busca por vida alienígena.

No desenho esquemático do conjunto de instrumentos de Análise de Amostras em Marte (SAM) presentes no rover Curiosity, da NASA, é possível ver o cromatógrafo gasoso com espectrômetro de massas (onde está rotulado GAS CHROMATOGRAPH). Crédito: NASA

Quando o GC-MS analisa esses compostos, o resultado aparece como um pico bem definido no gráfico produzido pelo equipamento. Esse padrão é um forte indicativo da presença de vida viável. O detalhe crucial é que, após a morte do organismo, essa assinatura desaparece em poucas horas, tornando a técnica útil apenas para identificar vida ativa.

Em um comunicado, Sephton destaca que agências como NASA e ESA provavelmente não percebem que seus equipamentos já podem fazer esse tipo de detecção. “O rover Curiosity acabou de completar 13 anos em Marte, mas quem disse que não se pode ensinar truques novos a um cachorro velho?”, brinca o professor.

Imagem simulada do rover Rosalind Franklin, da ESA, em Marte. Crédito: ESA/Divulgação

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Chances de vida são maiores abaixo da superfície

Para Hirsch, o potencial da descoberta é empolgante. Ele afirma que, embora a expectativa de vida na superfície marciana seja baixa devido ao frio extremo e à radiação, futuras missões planejam perfurar o solo a vários metros de profundidade, onde as chances são maiores.

Além das aplicações em outros mundos, o método também pode ser útil na Terra. Equipes internacionais vão gastar milhões para analisar amostras que possivelmente tragam sinais de vida de Marte. Uma triagem rápida com essa técnica ajudaria a priorizar as amostras mais promissoras.

O sistema poderia ser usado diretamente em missões espaciais ou em laboratórios terrestres, analisando material trazido de possíveis ambientes alienígenas. Para os cientistas, é mais um passo importante na busca por uma resposta definitiva para a pergunta que não quer calar: estamos sozinhos no Universo?

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