1883 foi um ano incomum. O vulcão Krakatoa, na Indonésia, entrou em erupção, matando cerca de 36 mil pessoas e arrasando mais de 160 vilarejos nas proximidades.
Os impactos não foram apenas em terra. Após a erupção, o céu ficou vermelho, o pôr do sol ficou verde e a Lua ficou com um tom azul por várias semanas, chamando a atenção do mundo inteiro.
Erupção do vulcão Krakatoa foi uma das mais mortais até hoje
O vulcão Krakatoa fica no Estreito de Sunda, entre as ilhas de Java e Sumatra, na Indonésia. Em maio de 1883, ele começou a despertar e rugir, até que entrou em erupção no dia 27 de agosto do mesmo ano.
O resultado foi um evento com força de 200 megatons e explosão de mais de 310 decibéis. Para se ter ideia, a maior bomba nuclear já detonada, a Tsar Bomba, da União Soviética, produziu cerca de 50 megatons. Já os 310 decibéis foram suficientes para romper os tímpanos de marinheiros a até 64 quilômetros de distância do local.
O evento deixou cerca de 36 mil mortos e destruiu 165 vilarejos, principalmente devido aos tsunamis que vieram depois.
Mas o impacto não foi apenas nas proximidades do vulcão Krakatoa.
Erupção teve efeito no céu
Segundo o site IFLScience, a erupção do Krakatoa ejetou cinzas e gases que bloquearam a luz solar e reduziram a temperatura em cerca de 0,6ºC durante os meses seguintes.
Além disso, gerou um fenômeno curioso: quando as cinzas e gases lançados na atmosfera se encontraram com a luz solar que entra no planeta, criaram cores diversas no céu. Isso acontece porque as partículas presentes no ar dispersam e refratam a luz de maneiras diferentes, criando tons que vão além do azul que estamos acostumados.
No caso da erupção do vulcão Krakatoa, a presença de aerossóis de sulfato vulcânico no ar criaram uma cor vermelha durante o dia e verde durante o pôr do sol. O mesmo efeito óptico fez parece que a Lua estava azul.
O efeito não ficou limitado ao céu da Indonésia. Em novembro de 1883, semanas depois da erupção, o The New York Times publicou um artigo relatando as cores:
Pouco depois das 5 horas, o horizonte ocidental subitamente se inflamou em um escarlate brilhante, que tingiu o céu e as nuvens. As pessoas nas ruas ficaram assustadas com a visão incomum… As nuvens gradualmente se aprofundaram até um tom vermelho-sangue, e um rubor sanguinário tomou conta do mar.
The New York Times
O pintor Edvard Munch, responsável pelo famoso quadro O Grito, também relatou uma situação parecida:
Eu caminhava pela estrada com dois amigos – então o sol se pôs – de repente, o céu ficou vermelho-sangue – e eu me senti tomado pela melancolia. Fiquei parado e me encostei na grade, morto de cansaço – nuvens como sangue e línguas de fogo pairavam sobre o fiorde azul-escuro e a cidade. Meus amigos continuaram, e eu fiquei sozinho, tremendo de ansiedade. Senti um grito forte e interminável atravessando a natureza.
Edvard Munch
Inclusive, algumas pessoas teorizam que O Grito tenha sido inspirado no evento. O Olhar Digital deu detalhes sobre essa teoria aqui.
Krakatoa causou tsunami gigante
Em 2018, o vulcão Anak Krakatoa, chamado de “Filho de Krakatoa”, entrou em erupção novamente. O centro desabou repentinamente, provocando um tsunami que vitimou mais de 400 pessoas nas ilhas de Java e Sumatra.
Quando as ondas atingiram a civilização, menos de uma hora após o gatilho, essa parede d’água tinha mais de dez metros de altura.
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No entanto, pesquisadores da Universidade Brunel de Londres e da Universidade de Tóquio afirmam que essa foi apenas uma fração daquilo que se formou. A teoria é que o pico do tsunami tenha chegado entre 100 e 150 metros de altura.
Leia mais sobre o evento neste link.
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