Paciente com diabetes tipo 1 volta a produzir insulina após cirurgia

Cientistas da Suécia conseguiram, pela primeira vez, fazer com que um paciente com diabetes tipo 1 voltasse a produzir insulina sem a necessidade de medicamentos imunosupressores. A pesquisa, publicada no New England Journal of Medicine em 4 de agosto, inseriu células-tronco pancreáticas modificadas com edição genética no voluntário para conseguir o feito inédito.

No estudo, conduzido por pesquisadores do Hospital Universitário de Uppsala, na Suécia, um paciente de 42 anos diagnosticado com a doença há 37 recebeu injeções das células no músculo do antebraço.

Ele apresentou secreção estável de insulina — evidenciada pela presença de C‑peptídeo (proteína produzida pelo pâncreas junto com a insulina) detectável e resposta a estímulos alimentares — ao longo de 12 semanas, sem sinais de rejeição celular ou resposta imunológica significativa.

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O protocolo envolveu injeções em múltiplos pontos do músculo braquiorradial do antebraço sob anestesia geral, sem o uso de imunossupressores, esteroides ou anti-inflamatórios — uma abordagem totalmente inovadora na história dos transplantes de ilhotas pancreáticas.

No período de teste, foram monitoradas tanto as respostas imunológicas quanto a funcionalidade das células: enquanto as ilhotas não modificadas ou parcialmente editadas foram rejeitadas, as células hipoimunes sobreviveram sem ativação de células T, sem produção de anticorpos e sem citotoxicidade detectável.

Além disso, exames de imagem por ressonância magnética confirmaram a presença duradoura do enxerto viável, sem sinais de inflamação. O paciente ainda depende de insulina exógena, pois apenas 7 % da dose completa de células beta foi transplantada.

O que é diabetes tipo 1?

A diabetes mellitus tipo 1 (DM1) é uma doença crônica não transmissível, hereditária, caracterizada pela deficiência de insulina no organismo.
O pico de incidência do DM1 ocorre em crianças e adolescentes, entre 10 e 14 anos e em adultos de qualquer idade.
No Brasil, estima-se que ocorram 25,6 casos por 100 mil habitantes a cada ano, sendo considerada uma incidência elevada.
O tratamento exige o uso diário de insulina para regular os níveis de glicose no sangue, evitando complicações da doença.

Os resultados mostraram uma queda de aproximadamente 42 % na hemoglobina glicada, o que indica melhoria no controle glicêmico. Foram relatados quatro eventos adversos leves, nenhum relacionado ao tratamento.

O relatório do transplante demonstrou que é possível transplantar células beta doadoras geneticamente protegidas da rejeição imunológica, com funcionamento efetivo e sem a necessidade de imunossupressão sistêmica.

A descoberta abre caminho para a possibilidade real de uma futura cura funcional para a diabetes tipo 1, evitando complicações associadas ao uso crônico de medicamentos imunossupressores e melhorando a qualidade de vida de milhões de pacientes.

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