Na busca por opções para controle de pragas que sejam ecológicas e não usem agrotóxicos, pesquisadores da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, estudaram como três espécies de formigas interagiam entre si e com uma mosca predadora em uma plantação de café. A pesquisa evidencia padrões caóticos entre as espécies dominantes e sugere como agricultores podem usar esse sistema no controle de pragas em suas fazendas.
Além disso, o estudo também demonstra quais as consequências para o manejo agrícola em plantações de café, visto que as formigas desempenham papéis duplos: como pragas e como agentes de controle biológico no agroecossistema cafeeiro, servindo como alternativa para a diminuição de pesticidas.
No artigo publicado na última segunda-feira (11/8) no periódico PNAS, os pesquisadores se apoiaram em duas teorias ecológicas — comportamento cíclico “intransitivo” e coexistência mediada por predador — para explicar como essas interações geram padrões de dominância imprevisíveis.
O comportamento intransitivo pode ser comparado a um jogo de “pedra-papel-tesoura”. Formiga A domina formiga B, B domina C, mas C pode dominar A. Esse ciclo contínuo impede que uma espécie controle permanentemente o território. Quando se insere a mosca predadora nesse sistema, ela ataca a espécie de formiga dominante, o que desequilibra a hierarquia e permite que outras formigas também assumam o protagonismo.
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Esses dois padrões — ciclo intransitivo e predador sobre o dominante — se sobrepõem e originam ciclos de oscilação de dominância não só entre as formigas, mas incluindo também a mosca. O resultado é um sistema dinâmico que, embora regido por regras biológicas, se comporta de forma caótica e imprevisível.
Para os autores do artigo, John Vandermeer e Ivette Perfecto, entender esse caos ecológico é fascinante do ponto de vista intelectual. No entanto, também representa uma dificuldade prática enorme: prever quando determinada espécie estará em evidência torna-se muito complicado, mesmo quando se trata de agentes naturais de controle de pragas que poderiam substituir pesticidas.
A descoberta evidência a complexidade real da agricultura baseada em princípios ecológicos. Ainda que o objetivo seja reduzir o uso de agrotóxicos e proteger os agricultores, lidar com sistemas tão dinâmicos exige uma compreensão profunda da ecologia e reconhecimento de que práticas simples podem falhar diante da imprevisibilidade biológica.
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