A Volkswagen passou a cobrar assinatura para liberar a potência total dos carros elétricos ID.3 Pro e Pro S vendidos no Reino Unido. Os veículos são entregues com 201 cavalos como padrão. Para usar a capacidade máxima (228 cv), o proprietário precisa pagar por uma “atualização opcional de potência”.
A montadora cobra mensalidade, taxa anual ou valor único para desbloquear o desempenho extra, repetindo uma prática que já gerou polêmica no setor.
Quanto custa o upgrade na assinatura proposta pela Volkswagen
O pacote pode ser contratado por £16,50 (cerca de R$ 121) por mês. Já o plano anual sai por £165 (aproximadamente R$ 1,2 mil), enquanto o vitalício custa £649 (cerca de R$ 4,7 mil), segundo o site britânico da montadora.
A Volkswagen esclarece que o plano vitalício vale para a vida útil do carro, e não do proprietário. Assim, se o veículo for vendido, o novo dono mantém o recurso. Caso o antigo proprietário compre outro EV com o desempenho bloqueado, precisará pagar novamente.
Para que os motoristas testem a diferença de desempenho, a marca oferece um mês de uso gratuito do upgrade.
‘Nada novo’, diz a VW
Um porta-voz da Volkswagen afirmou à BBC que a prática não é inédita no setor.
“Historicamente, muitos veículos a gasolina e diesel eram oferecidos com motores de mesmo tamanho, mas com a possibilidade de escolher uma versão mais potente”, disse.
Segundo a empresa, o modelo de assinatura permite que o cliente opte por uma experiência mais “esportiva” quando quiser, sem ter de pagar um preço inicial mais alto na compra.
Repercussão e polêmica
O modelo de negócios, no entanto, é alvo de críticas por cobrar por recursos que já estão fisicamente presentes no veículo. E não é a primeira vez que uma montadora europeia aposta nele.
Em 2022, a BMW adotou estratégia semelhante. A empresa vendia o aquecimento dos bancos por US$ 18 mensais (R$ 97) em alguns países. Também oferecia faróis altos automáticos por cerca de US$ 12 (R$ 65) e aquecimento do volante por mais US$ 12 (R$ 65).
Como o hardware já estava instalado, bastava pagar para liberar. A repercussão negativa fez a marca encerrar a cobrança um ano depois.
A Mercedes também apostou na tendência. Ainda em 2022, lançou nos Estados Unidos uma assinatura online que permitia aos clientes pagar para que seus carros elétricos acelerassem mais rápido.
Leia mais:
Baterias usadas de carros elétricos podem ser fontes de energia para IAs
Como encontrar eletropostos para recarregar carros elétricos?
Como funcionam as vagas para carro elétrico?
Aceitação em queda
Pesquisas mostram que os consumidores não parecem dispostos a pagar por esse tipo de serviço.
Um levantamento da S&P Global, por exemplo, apontou que a taxa de motoristas dispostos a pagar por serviços conectados caiu de 86% em 2024 para 68% em 2025. Entre os motivos estão o custo e a insatisfação com a divisão de recursos básicos em pacotes pagos.
Mesmo assim, o modelo de assinatura segue em alta em outros setores. A consultoria Juniper Research estimou, em 2024, que a economia global de assinaturas deve atingir quase US$ 1 trilhão (R$ 5,4 trilhões) até 2028.
O post Você pagaria? Volkswagen cobra para liberar potência de carros elétricos apareceu primeiro em Olhar Digital.