Uma nova edição do Burning Man, o festival alternativo que acontece todos os anos no oeste norte-americano, já se aproxima do calendário. De 24 de agosto a 1º de setembro, o evento acontecerá mais uma vez no deserto de Black Rock, em Nevada, reunindo atividades artísticas, performances e experimentações variadas entre os entusiastas do encontro, iniciado em 1986.

Ainda que se anuncie como um festival de artes, a pegada é sobretudo de um grande acampamento “de sobrevivência”, tentando criar uma experiência comunal em uma área inóspita ao longo de uma semana – proposta que conquistou adeptos de diversas gerações, nacionalidades (e faixas de renda) ao longo de quase 40 anos.

O ponto alto, como sempre, fica pela aguardada penúltima noite, que dá nome ao encontro: o momento em que se ateia fogo à gigantesca efígie humana de madeira, criando um “burning man” quase literal. Em anos recentes, há o epílogo da queima do “templo”, megaestrutura que também tem marcado o festival e é destruída pelas chamas no dia seguinte.

Estátua erguida no meio do Black Rock Desert é um dos símbolos do festivalBurning Man/Divulgação

O que esperar da edição 2025

Como se tornou tradicional, as estruturas e manifestações do Burning Man de 2025 são inspiradas por um tema anunciado com antecedência, que serve como fio condutor para os participantes.

Neste ano, o slogan do encontro é “Tomorrow Today”, com a sugestão de que os frequentadores ajudem a pensar o amanhã e compartilhem suas ideias para construir um futuro que leve em conta os problemas correntes do mundo.

No manifesto em que explica a escolha do tema, Stuart Mangrum, que dirige o braço “filosófico” do Burning Man, aponta que a inspiração está nas antigas feiras mundiais, “que celebravam não apenas o progresso científico, mas também a troca cultural e a excelência artística”.

Acampamento do Burning Man forma cidade temporária no deserto. Em 2024, estima-se que mais de 70 mil pessoas compareceramJeremy Bishop/Unsplash

A história do Burning Man

O Burning Man foi criado em 1986 como uma celebração informal de um grupo de amigos que originalmente acontecia em uma praia de San Francisco, na Califórnia, na noite do solstício de verão do Hemisfério Norte, em junho. Pouco a pouco, porém, a ideia cresceu em níveis muito além do imaginado por seus idealizadores, passando a exigir uma estrutura bem diferente.

Desde 1990, o encontro passou a ocorrer em sua localização atual: o deserto de Black Rock, no estado de Nevada, em um ponto bastante isolado do mapa chamado carinhosamente de playa. A grande cidade mais próxima, Reno, fica a cerca de 180 km.

Com uma estética distinta de outros festivais, o encontro para queimar uma gigantesca efígie no meio do nada acabou se tornando um fenômeno cada vez maior. Em 2024, mais de 70 mil pessoas compareceram, segundo as estimativas.

Com o aumento da popularidade, vieram também críticas. Antigos aficionados afirmam que o encontro perdeu grande parte do espírito independente após ser abraçado por uma miríade de influencers e magnatas do Vale do Silício, tornando-se cada vez mais comercial e menos contracultural.

O maior ponto de conflito é o preço para frequentar, que se tornou salgado até para muitos apaixonados pelo Burning Man que se mantiveram alheios às reclamações dos anos recentes. Os mais incomodados apontam que a essência do evento foi cooptada pelos CEOs do mundo da tecnologia e seus funcionários mais bem pagos.

Hoje, apesar de manter o discurso libertário, a participação no Burning Man custa caro. O preço básico dos ingressos sai a US$ 750 por pessoa, com um extra de US$ 150 por veículo, sem contar todos os outros custos da expedição de vários dias para um dos pedaços de terra mais inóspitos dos Estados Unidos. Há pacotes mais caros e, em situações excepcionais, também é possível se inscrever para bilhetes promocionais.

As informações sobre compra, venda e até revenda de ingressos podem ser encontradas no site.

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