A natureza é uma das maiores fontes de inspiração para a ciência e a engenharia. Desde os tempos antigos, os seres humanos observam animais, plantas e fenômenos naturais para criar ferramentas, construir abrigos e desenvolver soluções para os mais diversos desafios.
Hoje, esse conceito tem nome: biomimética. Neste artigo, vamos explorar esse conceito e listar algumas invenções que se inspiraram em animais e em processos presentes na natureza.
O que é Biomimética?
A biomimética, também chamada de biomimese ou biónica, é um campo da ciência que estuda estruturas, mecanismos e estratégias da natureza com o objetivo de aplicá-los em criações humanas. A palavra vem do grego bios (vida) e mimesis (imitação), ou seja, trata-se da “imitação da vida”.
Essa abordagem busca criar tecnologias mais eficientes, sustentáveis e inteligentes, baseando-se em milhões de anos de evolução biológica. A ideia central é: se a natureza já encontrou soluções eficazes para determinados problemas, por que não aprender com ela?
Tecnologias desenvolvidas com inspiração na natureza
Selecionamos cinco tecnologias fascinantes que nasceram a partir da observação de animais, plantas e outros elementos naturais. Cada uma delas mostra como a biomimética está revolucionando o design, a engenharia e até a medicina.
1 – Painéis solares inspirados em girassóis
Os girassóis são conhecidos por seu movimento heliotrópico, eles acompanham a posição do sol ao longo do dia, maximizando a captação de luz. Essa característica inspirou o desenvolvimento de sistemas solares heliotrópicos, como o “Smartflower”.
Esse tipo de painel solar inteligente gira em dois eixos para seguir a trajetória solar com precisão, o que aumenta em até 40% a eficiência energética em comparação aos modelos fixos.
Além disso, muitos desses sistemas contam com mecanismos automáticos de retração em ventos fortes e autolimpeza, inspirados no comportamento das pétalas dos girassóis. O resultado é uma geração de energia mais constante e confiável.
2 – Velcro
O velcro é um dos exemplos clássicos de tecnologia baseada na natureza. Em 1941, o engenheiro suíço Georges de Mestral observou que sementes de bardana grudavam com facilidade em suas roupas e no pelo do cachorro durante passeios. Ao analisá-las no microscópio, descobriu minúsculos ganchos nas pontas das sementes que se fixavam nas fibras dos tecidos.
A partir disso, Mestral criou um sistema de fixação composto por duas tiras: uma com ganchos e outra com laços, imitando o comportamento da planta.
O nome “Velcro” é uma junção das palavras francesas “velours” (veludo) e “crochet” (gancho). Hoje, o velcro está presente em roupas, mochilas, calçados, equipamentos médicos e muito mais.
3 – Turbinas WhalePower
As baleias jubarte possuem nadadeiras com saliências chamadas de tubérculos, que ajudam a controlar o fluxo da água e aumentar sua eficiência de movimentação. Inspirados nisso, engenheiros desenvolveram a turbina WhalePower, cujas lâminas são desenhadas com nervuras semelhantes às das baleias.
Essas lâminas reduzem em até 32% o atrito do ar e proporcionam até 20% mais eficiência energética em comparação com as lâminas lisas tradicionais.
Além de turbinas eólicas, essa tecnologia pode ser aplicada em ventiladores, hélices e sistemas de resfriamento, contribuindo para soluções mais silenciosas e eficazes.
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4 – Superfícies de baixo atrito inspiradas em tubarões
A pele dos tubarões é coberta por pequenas escamas em forma de dentículos, que reduzem o atrito com a água e aumentam sua velocidade de nado. Essa textura serviu de inspiração para o desenvolvimento de superfícies de baixo atrito, aplicadas em diversas áreas.
O exemplo mais famoso foi o uso desse material em trajes de natação de alto desempenho, como os usados por Michael Phelps, que ajudaram a quebrar recordes olímpicos.
A mesma tecnologia está sendo aplicada em cascos de navios, submarinos e até aeronaves, com o objetivo de reduzir a resistência do ar ou da água, aumentando a eficiência e economizando energia.
5 – Shrilk
Shrilk é um material inovador, biodegradável e biocompatível, desenvolvido a partir da estrutura da quitina, encontrada em cascas de camarões e outros artrópodes, combinada com proteínas da seda. O resultado é uma substância resistente como o alumínio, mas com metade do peso, e que se decompõe naturalmente no ambiente.
Além da leveza e resistência, o Shrilk tem aplicações promissoras em medicina (como suturas, curativos e moldes para regeneração de tecidos) e também como alternativa sustentável ao plástico em embalagens, fraldas e sacolas.
Um de seus diferenciais é que, ao se decompor, o Shrilk ainda libera nutrientes para o solo, funcionando como fertilizante.
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