Cão volta a andar após tratamento inovador; os próximos passos serão humanos

Teodoro, um cãozinho da zona oeste do Rio de Janeiro, voltou a dar os primeiros passos depois de perder os movimentos das patas traseiras por causa de uma lesão na medula espinhal. Ele é um dos seis participantes de um teste clínico inédito no Brasil que usa a polilaminina, uma proteína com potencial de estimular a regeneração de conexões nervosas.

A pesquisa é conduzida pela professora Tatiana Sampaio, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Segundo a especialista, a polilaminina já está presente naturalmente em todos os animais e funciona como uma espécie de “instrução” para que as células saibam como agir.

O estudo foi publicado em uma das mais importantes revistas científicas veterinárias do mundo, reforçando o impacto e a relevância da descoberta.

Como funciona a proteína polilaminina

Em casos de lesão na medula, os axônios — responsáveis por transmitir sinais nervosos — não conseguem se regenerar sozinhos. Para superar essa barreira, os pesquisadores utilizaram a polilaminina para recriar o caminho perdido e possibilitar que os sinais voltassem a circular.

A proteína foi extraída de placentas e aprimorada em laboratório, formando uma malha capaz de estimular a regeneração nervosa. No estudo, os seis cães receberam uma injeção diretamente na coluna vertebral e foram acompanhados por seis meses.

Cão volta a andar após tratamento inovador; os próximos passos serão humanos – Crédito: Reprodução│Globo

Dos participantes, quatro animais, incluindo Teodoro, apresentaram melhora significativa na capacidade motora. O resultado trouxe esperança não apenas para os tutores, mas também para toda a comunidade científica.

Próximos passos: testes em humanos

O projeto começou no início dos anos 2000 e, agora, está perto de um novo desafio: os testes clínicos em humanos. Os pesquisadores aguardam a autorização da Anvisa para iniciar essa etapa.

Se der certo, a expectativa é que, no futuro, uma simples injeção possa ajudar pessoas com lesão medular a recuperar movimentos. “A laminina é uma força da natureza. Estamos acompanhando o que ela faz e tentando levar esse processo para o laboratório, até chegar a um medicamento”, explicou a professora Tatiana na reportagem exibida pelo Fantástico no último domingo (17).

Esperança para tutores e pacientes

Admílson Santos, tutor de Teodoro, compartilha a alegria de ver o cão voltar a se movimentar. Depois de tentar diversos tratamentos sem sucesso, ele comemora a evolução do amigo de quatro patas: “O Teodoro está reagindo, superando expectativas e acredito que, em breve, vai andar sem aparelhos.”

Esse avanço traz esperança não só para famílias que convivem com animais em condições semelhantes, mas também para milhares de pessoas que aguardam alternativas de tratamento para lesões medulares.

Resumo: A pesquisa inédita da UFRJ, liderada pela professora Tatiana Sampaio, utilizou a proteína polilaminina em cães com lesão na medula espinhal. Teodoro, um dos animais tratados, voltou a se movimentar, e os resultados positivos abriram caminho para a autorização de testes em humanos. O estudo representa um marco na busca por terapias que devolvam qualidade de vida a pacientes e tutores.

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