A IA chegou aos bichinhos de pelúcia – mas isso é bom?

No final de 2023, nós mostramos aqui no Olhar Digital o lançamento do Grok, um simpático foguetinho de pelúcia que podia conversar com você. E eram diálogos complexos, não simples respostas gravadas, como se ele fosse um chatbot (só que extremamente fofinho).

Hoje, quase dois anos depois, o produto ganhou espaço nos Estados Unidos. Ele ainda vende bem menos do que outros brinquedos, mas as vendas aceleraram um pouquinho. E começaram a aparecer novas opções.

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Além do Grok, a empresa Curio também tem em seu portfólio uma espécie de ET azul com orelhas que se chama Grem e um controle de videogame que atende pelo nome de Gabbo. Outros marcas também estão apostando nesse modelo, seja com ursinhos, capivaras, robôs ou pequenos dinossauros de pelúcia.

A promessa é de entretenimento sob controle para as crianças. Mas será que dá certo? Será que os brinquedos entregam tudo o que prometem? Uma jornalista do New York Times interagiu com uma dessas pelúcias e fez algumas ressalvas.

Welcome to Curio, where toys come to life! 🧸

We’ve partnered with @Grimezsz on our first 3 characters: Grok 🚀, Gabbo🤖, and Grem👽.

Order by Sunday to receive a Beta Program Certificate in the mail before Xmas, toys ship early 2024!https://t.co/AQFtMIU7sG pic.twitter.com/vLVI3PTaMN

— Curio (@CurioBeta) December 14, 2023

Substitutos dos pais?

A jornalista Amanda Hess explicou que essas pelúcias vêm com um bolso traseiro onde fica uma caixinha de som com Wi-Fi.

A voz do Grem, com quem ela conversou, saía desse zíper escondido.

A Curio recomenda que os pais comprem o seus brinquedos para crianças a partir dos 3 anos de idade.

Vídeos na internet mostram os bichinhos brincando com os pequenos.

Em um deles, Grem desafia uma menina a soletrar diferentes palavras; já Gabbo pede que ela conte até 10.

A Inteligência Artificial foi programada para evitar temas como sexo e violência, além de palavrões.

A Curio garante ainda que todas as conversas com seus chatbots são transcritas e transmitidas para o celular do responsável.

E, a partir desses registros, os pais podem adequar a programação, pedindo que o robô, por exemplo, incentive o filho a estudar mais.

Tudo parece ótimo – para Hess, no entanto, essas interações possuem alguns defeitos.

O primeiro deles é que as conversas não soam tão naturais.

Além disso, muitos pais parecem deixar a pelúcia responsável pela criação dos filhos.

Já outros colocam as crianças assistindo a uma tela com o Grok do lado.

Segundo a jornalista, esses brinquedos parecem feitos para atender às necessidades de pais ocupados e não necessariamente são bons para os jovens em si.

Esse é o foguetinho Grok (favor, não confundir com o chatbot desenvolvido pela xAI de Elon Musk) – Imagem: Reprodução/Curio

Preço e futuro

O Grok, o Grem e o Gabbo saem a US$ 99 cada. Fazendo a conversão para a nossa moeda, ele custaria cerca de R$ 530. E o verbo está na condicional, pois a Curio não vende seus produtos aqui no Brasil.

Até existem alguns brinquedos com IA por aqui, mas nenhum deles se parece com as pelúcias americanas.

Esse é um mercado, aliás, que deve crescer bastante nos próximos anos, principalmente nos EUA. A OpenAI anunciou recentemente que fará uma parceria com a Mattel para gerar “produtos com tecnologia de IA” baseados em suas “marcas icônicas”.

Se você não ligou o nome à marca, a Mattel é a responsável pela boneca Barbie. Sim, teremos Barbies conversando com seus filhos no futuro! A tecnologia parece, definitivamente, ter criado uma espécie de nova era dos brinquedos.

A ideia é que as crianças fiquem menos tempo em frente às telas, mas os pais não podem simplesmente delegar essa responsabilidade para um brinquedo – Imagem: peacepix/Shutterstock

As informações são do jornal The New York Times.

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