Quando pensamos em mapa-múndi, a primeira imagem que vem à nossa cabeça mostra o desenho dos 5 continentes mais os dois polos. Você pode não perceber, mas na maioria dos mapas, o Hemisfério Norte sempre parece maior do que o Hemisfério Sul. Mas será que ele é tão maior mesmo?
A reposta é não. Ok, a Rússia é um gigante em extensão, assim como o Canadá, os Estados Unidos e a China. O Brasil e a Austrália, porém, não ficam muito atrás. E o continente africano não é tão pequeno como parece nas ilustrações. Pelo contrário: ele é gigantesco.
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Essas distorções ocorrem por causa do modelo que utilizamos para desenhar os mapas. A projeção de Mercator data do século XVI, mas ainda é a proporção mais comum hoje em dia. Para você ter uma ideia, ela aparece em grande parte dos livros didáticos e até mesmo no Google Maps.
Se ela é imprecisa, por que continuamos usando? Essa é a premissa da campanha Correct The Map (“corrijam o mapa”, em tradução livre). Campanha que acaba de conquistar uma importante adesão nos últimos dias.
‘Corrijam o mapa’
A União Africana, organização que reúne todos os países do continente, aderiu ao Correct The Map na última segunda-feira (18).
A ideia é estimular governos, organizações, escolas e empresas a deixarem de usar a projeção de Mercator nos mapas-múndis.
Mais do que um erro geográfico, os criadores da campanha argumentam que existe por trás dessa história uma questão de confiança e de relações de poder.
No geral, os mapas mostram a África e a América do Sul com tamanhos muito próximos da realidade.
A distorção ocorre no Hemisfério Norte, representado por massas gigantescas de terra.
Essa diferença foi uma invenção do cartógrafo europeu Gerardus Mercator em 1569.
Mas não foi necessariamente por maldade: matematicamente falando, é difícil colocar no papel o desenho plano de um cilindro.
Além disso, ele entregou um desenho voltado para as grandes navegações da época.
Países e continentes na altura da linha do Equador ficam com a proporção real.
Mas quanto mais distante da linha, mais distorcidos eles são.
Um mapa mais equalitário
A maior distorção ocorre justamente com o continente africano, que parece ter o tamanho da Groenlândia na projeção de Mercator. Só que a África é 14 vezes maior do que esse território autônomo da Dinamarca!
Outra importante distorção diz respeito ao Brasil, que no mapa-múndi parece ter o tamanho do Alasca, sendo que, na verdade, o nosso país é 5 vezes maior.
Gerardus Mercator não tinha, à época, todas as ferramentas que temos hoje para entender essas diferenças. O que não faz sentido é a manutenção de um modelo que sabemos estar errado.
Esse é o ponto da campanha Correct The Map, que defende a adoção de outros modelos mais modernos, como o Equal Earth. Não só por uma questão geográfica, mas também de justiça e respeito, sobretudo, aos povos africanos.
As informações são da BBC.
O post Países africanos querem mudar o mapa-múndi; entenda o porquê apareceu primeiro em Olhar Digital.