Descoberto em julho pelo Sistema de Alerta de Impacto Terrestre de Asteroides (ATLAS), financiado pela NASA, o cometa 3I/ATLAS, o terceiro e mais rápido objeto interestelar a cruzar o Sistema Solar, está apresentando um comportamento estranho.
Um estudo disponível para revisão no repositório de pré-impressão arXiv revela que ele está expelindo poeira na direção do Sol, diferentemente da maioria dos objetos desse tipo. Isso chama atenção porque o vento solar costuma empurrar o material para o lado contrário, formando caudas brilhantes.
Imagem do cometa interestelar 3I/ATLAS capturada pelo Observatório Vera C. Rubin. Crédito: Chandler et al.
Os cometas são compostos de rocha, poeira e gelo, por isso são chamados de “bolas de neve sujas”. Ao se aproximar do Sol, parte de sua superfície sofre sublimação, passando do estado sólido para o gasoso. Esse processo forma a coma, uma nuvem difusa de poeira e gás que envolve o núcleo e pode ser até centenas de milhares de vezes maior que ele.
A cauda de um cometa costuma ter duas partes. A primeira, curva, é formada por poeira. A segunda, mais reta e brilhante, surge do gás ionizado. Em casos raros, surge a chamada anticauda, que parece apontar para o Sol. É mais ou menos o que o Telescópio Espacial Hubble revelou estar acontecendo com o 3I/ATLAS.
Cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS) registrado em 14 de outubro de 2024, de Cebalat, Tunísia. A imagem mostra que além da cauda, o objeto desenvolveu uma anti cauda. Evento raro semelhante pode estar acontecendo também no cometa 3I/ATLAS. Crédito: Makrem Larnaout via Spaceweather.com
Cometa interestelar impressiona pela velocidade
Os astrônomos levantam duas hipóteses para explicar o fenômeno. A primeira é que o cometa esteja girando de forma que um de seus polos fique sempre voltado para o Sol, mantendo o lado oposto na escuridão. A segunda é que sua superfície tenha sido modificada ao longo do tempo por radiação e partículas espaciais.
Esse segundo ponto faz sentido porque o 3I/ATLAS é provavelmente muito mais antigo que o Sistema Solar. Então, ao longo de bilhões de anos sendo bombardeado por raios cósmicos, ele teve elementos como o hidrogênio arrancados de sua superfície. Isso dificultaria a formação de uma cauda vistosa, como a dos cometas originados internamente.
Além do comportamento incomum, o cometa impressiona pela velocidade, viajando a 58 quilômetros por segundo, o dobro do que foi observado nos dois objetos interestelares anteriores: o asteroide ‘Oumuamua, em 2017, e o cometa 2I/Borisov, em 2019. Tudo indica também que seja um pouco maior que eles.
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O cometa 3I/ATLAS permanece observável da Terra até o mês que vem. Depois, se esconde atrás do Sol, de quem fará uma aproximação máxima a 210 milhões de quilômetros em 30 de outubro. Em dezembro, ele volta ao campo de visão do nosso planeta.
Astrônomo polêmico propõe investigar o objeto usando sonda da NASA
Um estudo liderado pelo cientista Abraham “Avi” Loeb, astrônomo da Universidade de Harvard, nos EUA, sugere uma maneira de interceptar o cometa interestelar 3I/ATLAS. Saiba detalhes da proposta aqui.
Conhecido por suas propostas polêmicas, como o uso de um ímã gigante para proteger a Terra de erupções solares, a hipótese de uma espaçonave alienígena ter caído no Oceano Pacífico e a ideia de que o Universo foi criado em laboratório, Loeb acredita que o objeto seja uma “tecnologia alienígena hostil disfarçada”.
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