A canadense Hanna Bordage descobriu por acaso que tinha um câncer em estado avançado quando tinha apenas 19 anos. Além do choque causado pelo diagnóstico, ela ficou impressionada com o fato de não ter desconfiado de seus sintomasn a não ser por fortes dores que sentia sempre que bebia álcool.
Embora tenha sido a relação com o álcool o que mais tenha chamado a atenção da adolescente, o câncer de Hanna já havia dado outros sinais que ela vinha ignorando. A doença se manifestou primeiro com dores crônicas no pescoço, que apareceram logo após ela entrar na universidade.
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Mais sintomas ignorados e a sorte do acaso
Estudante do primeiro período de medicina, ela acreditava que o desconforto era consequência das mudanças de rotina e da intensidade dos treinos como atleta de futebol. Hanna também não deu muita atenção ao suor noturno e O cansaço constante.
Foi quando apareceu o sintoma que mais chamou sua atenção: uma dor intensa no pescoço e no ombro minutos após ingerir álcool. Ela estava planejando ir ao médico para relatar este sintoma quando o acaso acelerou as coisas. No início de 2023, ela sofreu uma pancada na cabeça durante os treinos e foi levada para um check-up.
Embora estivesse tudo bem com seu cérebro, os médicos detectaram alterações cardíacas e pediram exames de imagem. A tomografia revelou que ela tinha um tumor de 12 centímetros próximo ao coração e que era necessário fazer uma biópsia.
Após o exame aprofundado, Hanna recebeu a notícia de que tinha linfoma de Hodgkin em estágio avançado. Os médicos indicaram que ela começasse a quimioterapia imediatamente e alertaram sobre a possibilidade de radioterapia. De um dia para o outro, sua rotina se voltou totalmente ao combate ao câncer.
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Os sintomas que mais chamaram sua atenção foram as fortes dores que sentia ao beber álcool
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Hanna foi diagnosticada por acaso após um acidente durante seu treino de futebol americano
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Tratamento de quimioterapia que Hanna fez durou seis meses
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A jovem, hoje aos 22 anos, se tornou uma pesquisadora do mesmo tipo de linfoma que teve
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Qual o tipo de câncer que Hanna tinha?
O linfoma de Hodgkin (LH) é um câncer que acomete o sistema linfático, um sistema que recobre o corpo inteiro e se concentra no baço e nos linfonodos. Ele é mais comum em adolescentes e adultos jovens, com os casos se concentrando entre 15 a 29 anos, mas há manifestações até em idosos.
A cada ano, cerca de 3 mil pessoas são diagnosticadas com a doença no Brasil. De acordo com a hematologista Daniela Ferreira Dias, do Instituto Paulista de Cancerologia (IPC), os fatores de risco para o desenvolvimento do LH ainda não estão bem estabelecidos.
“Estudos sugerem algumas associações em pessoas com sistema imune comprometido podem ter maiores riscos. Isso inclui pessoas com HIV, mas também com infecções mais simples como a mononucleose. Além disso, membros de famílias em que uma ou mais pessoas tiveram a doença de Hodgkin têm risco aumentado de desenvolvê-la”, afirma.
Como a doença pode surgir em qualquer parte do corpo, os sintomas dependem de sua localização. Se desenvolver em linfonodos superficiais do pescoço, axilas e virilhas, formam-se ínguas indolores nesses locais. Se ocorrer na região do tórax pode se manifestar com tosse, falta de ar e dor torácica. Já se for no abdome, pode haver dor ou aumento do volume abdominal. Sinais e sintomas de alerta são aumento de transpiração, febre, perda de peso sem causa aparente e coceiras pelo corpo.
A luta dentro do hospital
O tratamento de Hanna envolveu seis meses de quimioterapia, durante os quais a jovem compartilhou nas redes sociais as etapas do processo. Em junho de 2023, tocou o sino que simboliza o fim do tratamento. Ela relatou a solidão de passar longos períodos internada, mas também destacou o apoio de amigos e familiares.
“Eu lutei contra a doença por mais de um ano sem saber que estava doente. Quando soube o que era, só me preparei para a batalha. Recebi o apoio de todos que me amam e conheci gente maravilhosa que se aproximou de mim para me ajudar. Dizer que foi uma dureza é apenas um eufemismo. Eu tenho sorte de ter sobrevivido”, afirmou ela em um texto em suas redes sociais.
A jovem também lembrou da perda de colegas de tratamento e refletiu sobre a injustiça da doença. “Este mundo é incrivelmente injusto, e eu gostaria de não ter que entender isso como eu, mas é aqui que estamos. A vida é curta”, escreveu.
Hanna, agora com 22 anos, segue na universidade e atua como assistente de pesquisa em estudos sobre linfoma. Ela pretende seguir carreira médica e deseja defender pacientes em situações semelhantes à que enfrentou.
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