Cada palavra conta para o desenvolvimento da fala

Pouco se fala sobre a relação entre prematuridade e atraso de fala, mas esse é um tema que merece atenção redobrada de famílias e profissionais de saúde. Pesquisas recentes mostram que bebês prematuros enfrentam riscos maiores de apresentar dificuldades na linguagem, com efeitos que podem se estender até a idade escolar. Um estudo publicado na Medicine (2019) apontou que crianças nascidas antes do tempo têm probabilidade significativamente maior de atraso na linguagem expressiva.

Por que a prematuridade aumenta o risco de atraso de fala

Segundo a fonoaudióloga Angelika dos Santos Scheifer, o mito de que “é normal o prematuro falar mais tarde” leva muitas famílias a buscar ajuda apenas quando a criança já tem 3, 4 ou até 5 anos, atrasando intervenções importantes.

“A prematuridade não pode ser encarada como desculpa, mas sim como um sinal de alerta para atenção redobrada. Cada bebê prematuro precisa ser acompanhado desde os primeiros meses para que sua fala e seus talentos possam se desenvolver plenamente”, explica Angelika.

As causas do atraso de fala em prematuros são multifatoriais. Do ponto de vista neurológico, o cérebro ainda está em maturação acelerada no momento do nascimento. Já no aspecto emocional, a chegada antecipada costuma exigir internações e cuidados intensivos, desviando a atenção da estimulação da comunicação. Uma pesquisa publicada na Frontiers in Psychology (2025) demonstrou que bebês nascidos entre 32 e 36 semanas apresentam defasagens em habilidades de comunicação social nos dois primeiros anos de vida.

A importância da intervenção precoce

Apesar dos riscos, existem caminhos promissores para reduzir os impactos da prematuridade. Um estudo citado pela Time (2014) revelou que conversar intencionalmente com o bebê prematuro ainda na UTI neonatal melhora o desempenho linguístico aos 18 meses.

“Cada palavra conta. Quando os pais conversam, olham nos olhos, celebram balbucios e gestos, estão abrindo espaço para que a criança se comunique melhor. A prevenção começa no afeto e se fortalece com orientação profissional”, ressalta Angelika.

O acompanhamento precoce permite identificar sinais de alerta, estimular a comunicação e fortalecer a autoestima da criança. Além disso, o apoio emocional à família e o treinamento de estratégias de interação contribuem para que os efeitos da prematuridade sejam minimizados. “O atraso pode ser prevenido ou minimizado quando ciência, afeto e ação caminham juntos”, reforça Angelika.

Por que a prematuridade aumenta o risco de atraso de fala? – Crédito: FreePik

Ciência e afeto caminham juntos

O que esses estudos deixam claro é que a prematuridade exige atenção contínua. Com acompanhamento profissional, estímulo diário e presença afetiva, é possível reduzir significativamente o risco de atraso de fala e oferecer à criança condições para desenvolver plenamente suas habilidades comunicativas.

Resumo: A prematuridade aumenta o risco de atraso de fala, mas intervenções precoces e estímulo diário podem minimizar os impactos. Conversar, ouvir e acompanhar o bebê é essencial para o desenvolvimento da linguagem e da comunicação.

Leia também: 

Seu filho não consegue se concentrar nos estudos? Veja formas de ajudar