O governo da França garante que vai processar o streaming australiano Kick por “negligência” após a morte de um influenciador durante uma transmissão ao vivo na plataforma, segundo o jornal Le Monde. A rede social também é alvo de uma investigação conduzida pelo Ministério Público de Nice.
Conhecido nas redes como “Jean Pormanove” ou “JP”, o streamer Raphael Graven gravava vídeos com os parceiros de pseudônimo “Narutovie” e “Safine”. As transmissões se tornaram populares com atos de humilhação e abusos. JP morreu após uma live de 12 dias em seu canal — o vídeo da morte foi amplamente divulgado na internet.
À BBC, um porta-voz da Kick afirmou que a plataforma está “revisando com urgência” as circunstâncias do caso. “Estamos profundamente tristes com a perda de Jean Pormanove e expressamos nossas condolências à sua família, amigos e comunidade”, afirmou. Os dois criadores que aparecem na live foram banidos do streaming.
De olho na lei
Os investigadores querem saber se a Kick transmitiu “vídeos de ataques deliberados à integridade pessoal” de forma intencional, segundo a imprensa local. Eles também apuram se a plataforma atende os requisitos previstos na Lei de Serviços Digitais da União Europeia sobre moderação de conteúdo.
“O Kick não fez todo o possível para impedir a transmissão de conteúdo perigoso”, disse a Ministra de Assuntos Digitais, Clara Chappaz. Uma autópsia concluiu que JP não foi morto por trauma ou por outra pessoa, diz o Le Monde.
Em depoimentos à polícia, pessoas que estavam presentes quando ele morreu disseram que o influenciador já tinha sido interrogado no passado, negando ter sido vítima de violência e reiterando que os vídeos eram encenados para criar agito e ganhar dinheiro.
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O que é a Kick?
Criada em 2022, a Kick é uma plataforma de lives com foco em jogos. O streaming acumula 50 milhões de seguidores e tem como principal concorrente a Twitch, que opera com 105 milhões de usuários. A receita vem pela cobrança de uma taxa de 5% sobre assinaturas nos canais dos streamers.
Recentemente, a empresa celebrou a estreia de MrBeast, considerado o maior youtuber do mundo, que arrecadou US$ 12 milhões para um projeto de acesso à água potável durante sua primeira live na plataforma.
Em 2023, a Kick foi alvo de uma polêmica por promover debate com um nazista e exibir conteúdo de sites adultos. À época, a empresa informou que tolerava discurso de ódio e que trabalharia para aprimorar a moderação dos conteúdos, de acordo com a Bloomberg.
A plataforma é de propriedade dos empresários australianos Edward Craven e Bijan Tehrani, donos do cassino online Stake, segundo o G1. Cada um deles tem fortuna avaliada em cerca de R$ 15,4 bilhões, de acordo com ranking da Forbes.
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