Cientistas chineses acabam de criar o mais novo objeto de desejo de qualquer pai de planta. Uma equipe da Universidade Agrícola do Sul da China desenvolveu suculentas capazes de brilhar no escuro e que “recarregam” após exposição à luz solar.
As folhas podem emitir cores variadas, formando até um arco-íris em uma única folha, depois de receberem o líquido emissor bioluminescente. O resultado da criação ao estilo Avatar foi publicado na revista Matter, da Cell Press, na quarta-feira (27/8).
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Para gerar as plantas brilhantes, os pesquisadores injetaram compostos emissores de luz nos tecidos foliares, obtendo brilhos intensos especialmente nos primeiros 10 minutos em que o vegetal está no escuro.
O processo dura cerca de dez minutos por planta e custa cerca de US$ 1,40, aproximadamente R$ 8. Por ser um método simples e de baixo custo, os cientistas acreditam que pode servir como base para novos sistemas de iluminação sustentável
O efeito inicial permanece intenso por até duas horas antes de uma nova carga de luz solar, que não precisa passar de apenas alguns minutos. Assim, o brilho é reativado e se mantém no mesmo nível de intensidade inicial por mais de 15 dias.
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Parede com 56 plantas fluorescentes foi capaz de iluminar levemente uma sala inteira
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Líquido usado permitiu variações de cores, com brilhos em dourado, vermelho…
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…e até em diferentes tons de azul
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Brilho intenso permanece por de 10 a 20 minutos, quando passa a exigir uma carga solar ou com LEDs preparados para isso por “mais alguns minutos”
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Quando injetado em outras plantas, que não são suculentas, o brilho não foi tão intenso
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Testes iniciais mostraram que não houve prejuízo à saúde das plantas em curto e médio prazo com as injeções
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Como funciona o brilho vegetal?
Os pesquisadores usaram partículas de fósforo com efeito pós-luminescência, semelhantes às presentes em brinquedos que brilham no escuro. Essas micropartículas absorvem energia da luz e a liberam lentamente durante a noite.
Segundo a equipe da Universidade Agrícola do Sul da China, não há prejuízo algum para a planta. Para tal, o tamanho das partículas foi determinante. Com cerca de 7 micrômetros — equivalente à largura de um glóbulo vermelho —, elas conseguiram se espalhar pelos tecidos das folhas sem perder intensidade luminosa.
O efeito foi mais eficiente em suculentas, que possuem canais estreitos e uniformes. Em outras espécies, a distribuição não produziu brilho semelhante. Embora não seja a primeira vez que plantas brilhantes são desenvolvidas, elas eram feitas com engenharia genética usando células de algas, como no caso da petúnia Firefly desenvolvida em 2024, em um processo caro e que só as permitia brilhar em verde e em pequena intensidade.
Do laboratório para as plantas
“Acho simplesmente incrível que um material inteiramente feito pelo homem, em microescala, possa se unir tão perfeitamente à estrutura natural de uma planta. A forma como ele se integra é quase mágica. Cria um tipo especial de funcionalidade. Imagine o mundo de Avatar, onde plantas brilhantes iluminam um ecossistema inteiro”, afirmou o pesquisador Shuting Liu, autor do artigo.
Além da função estética, o botânico acredita que a pesquisa pode levar a impactos sociais no futuro, com árvores luminosas podendo até substituir postes de luz de forma sustentável.
Usando diferentes tipos de fósforos, a equipe obteve plantas que brilham em verde, azul e vermelho. Em teste, construíram uma parede de 56 suculentas luminescentes capaz de iluminar objetos próximos e até permitir leitura de textos.
Apesar do entusiasmo, o brilho diminui com o tempo, e cada folha precisa ser tratada separadamente para gerar o efeito. Os cientistas ainda avaliam os impactos dos compostos de fósforo para a saúde dos vegetais no longo prazo, embora não tenha havido nenhum impacto em pequeno e médio prazo.
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