Os terraços de pedra seca onde se cultivam limoeiros na Costa Amalfitana, no sul da Itália, foram incluídos na lista de Sistemas Importantes do Patrimônio Agrícola Mundial (GIAHS). O reconhecimento foi anunciado no dia 26 de agosto pelo Comitê Científico da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Nas encostas íngremes da Costa Amalfitana, comunidades agrícolas cultivam há séculos o limão “Sfusato Amalfitano”, conhecido pelo formato alongado e aroma intenso. O fruto é colhido manualmente sob pérgolas de castanheiras pelos chamados “agricultores voadores”, que equilibram-se sobre as estruturas durante a colheita.

Limoeiros “Sfusato Amalfitano” cultivados em terraços centenários da Costa AmalfitanaGlobally Important Agricultural Heritage Systems/Flickr

Os terraços, construídos com muros de pedra seca, evitam erosão, estabilizam o solo e ajudam a regular a água e a temperatura. A área abriga até 800 limoeiros por hectare, produzindo até 35 toneladas sem uso de pesticidas. O sistema também reúne mais de 970 espécies de plantas, incluindo flora mediterrânea rara.

Muros de pedra seca formam terraços que preservam solo e regulam água e temperaturaGlobally Important Agricultural Heritage Systems/Flickr

Além do valor agrícola e ambiental, a FAO destacou em seu comunicado a participação das mulheres no cultivo e a preservação das tradições locais. O sistema já era reconhecido pela Unesco como Patrimônio Mundial, consolidando-se como exemplo de agricultura sustentável de montanha no Mediterrâneo.

Além da Itália, a FAO também incluiu dois novos sítios no Japão: o sistema tradicional de pomares de mikan em terraços de pedra da região de Arida-Shimotsu, na província de Wakayama, e o sistema agrícola, florestal e pecuário de Okuizumo, desenvolvido em antigas áreas de mineração de areia ferrosa. Com as novas adições, a rede global passa a contar com 102 sistemas em 29 países.

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