Ultraprocessados respondem por 20% da dieta dos brasileiros

Os alimentos ultraprocessados são nutricionalmente desbalanceados, oferecendo poucos nutrientes essenciais e sendo associados a um maior risco de obesidade, diabetes, câncer e doenças cardíacas. Por conta disso, recomenda-se evitar o consumo deles.

No entanto, essa sugestão parece não estar sendo seguida por parte dos brasileiros. É o que revela um estudo publicado na Revista de Saúde Pública e que mapeia a ingestão destes produtos nos 5.570 municípios do Brasil.

Consumo dos ultraprocessados faz mal à saúde (Imagem: Niloo/Shutterstock)

Sul e Sudeste apresentam os piores cenários

O levantamento considera a porcentagem de calorias provenientes de ultraprocessados em relação ao total consumido por um indivíduo ou população.

O trabalho identificou uma grande discrepância entre os estados brasileiros.

No município de Aroeira do Itaim, no Piauí, a participação dos alimentos na dieta das pessoas é de 6%.

Já em Florianópolis, Santa Catarina, este número sobe para mais de 30%.

Em geral, as médias mais altas foram observadas no Distrito Federal e nos estados do Sul e Sudeste, exceto no Espírito Santo.

Já as regiões Norte e Nordeste, com exceção da Bahia, apresentaram os índices mais baixos.

Outra conclusão dos pesquisadores é que a ingestão de ultraprocessados é menor em áreas rurais.

As informações são do Jornal da USP.

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Estudo mapeou a ingestão destes alimentos nos 5.570 municípios do Brasil (Imagem: sweet_tomato/Shutterstock)

Uma das sugestões é proibir venda de ultraprocessados em escolas

No Brasil como um todo, a média de participação calórica de alimentos ultraprocessados é de 20,2%. Em comparação com homens, a média das mulheres foi maior, embora diminua com o aumento da idade e aumente conforme nível de escolaridade e renda. 

Segundo os responsáveis pela pesquisa, o trabalho teve como objetivo apresentar dados que possam ser utilizados pelas autoridades para incentivar o aumento do consumo de alimentos saudáveis. Uma das sugestões é criar leis proíbam a comercialização de ultraprocessados nas cantinas escolares, o que já acontece em Niterói e Rio de Janeiro.

Pesquisadores sugerem a proibição da comercialização de ultraprocessados nas cantinas escolares (Imagem: hxdbzxy/Shutterstock)

O estudo ainda destaca que domicílios de baixa renda e das regiões rurais do país apresentam alto consumo de alimentos in natura ou minimamente processados e ingredientes culinários. Enquanto isso, frutas, legumes e verduras, que promoveriam maior diversidade alimentar, são precários. Ou seja, a baixa participação de alimentos ultraprocessados no consumo de calorias não implica, necessariamente, qualidade da alimentação.

O consumo excessivo de ultraprocessados está ligado ao aumento de doenças crônicas. Essa pesquisa ajuda a entender onde estão os maiores desafios, porque traz estimativas – município a município – sobre a participação desses produtos na dieta. Mas ainda precisamos avançar: faltam dados mais desagregados por gênero, faixa de renda e etnia, e também indicadores sobre a diversidade e a qualidade nutricional das dietas.

Maria Laura Louzada, coautora do artigo

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