Fila para transplante de córnea dobra no Brasil – veja o motivo

Nos últimos cinco anos, a fila de transplante de córnea quase dobrou no Brasil. Em 2019, havia pouco mais de 12 mil pessoas aguardando pela cirurgia. Hoje, esse número passa de 23 mil, de acordo com dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO). O aumento acende um alerta importante: os brasileiros precisam cuidar melhor da saúde ocular e ter acesso mais rápido ao diagnóstico precoce.

Segundo a oftalmologista Ariane Alessio, ouvida pelo Terra, a pandemia contribuiu para a alta demanda, já que muitos pacientes adiaram consultas e exames. Além disso, a falta de conscientização sobre cuidados com os olhos e a dificuldade de acesso a serviços especializados levaram a diagnósticos tardios, aumentando a necessidade de transplantes, que deveriam ser sempre a última opção.

Causas que levam ao transplante de córnea

O transplante de córnea é indicado em diferentes situações, sendo o ceratocone uma das principais no Brasil. Outras doenças, como a distrofia de Fuchs, a ceratopatia bolhosa e infecções resistentes a tratamento, também podem causar a perda de transparência da córnea. Traumas oculares graves, complicações pós-cirúrgicas e cicatrizes chamadas leucomas completam a lista de motivos que podem levar à necessidade de um transplante.

A médica explica que, quando detectadas cedo, muitas dessas condições podem ser tratadas com terapias menos invasivas. “Se o paciente mantém um acompanhamento regular, muitas vezes conseguimos evitar a progressão para casos em que a única saída é o transplante”, destaca Ariane.

Número de pacientes na espera por um transplante de córnea cresce – Crédito: FreePik

Como é feita a cirurgia de transplante de córnea

O procedimento pode ser realizado de duas formas: substituição total (transplante penetrante) ou parcial (lamelar) da córnea doente por outra de doador. A cirurgia pode ser feita manualmente ou com o auxílio de laser de femtossegundo, o que aumenta a precisão.

Antes da operação, o paciente passa por exames detalhados, como o pentacam e a microscopia especular, para avaliar a real condição da córnea. O pós-operatório exige disciplina: é necessário usar colírios, proteger os olhos com oclusor e manter repouso prolongado, que pode durar de três a seis meses. A retirada dos pontos acontece de forma gradual e a visão pode levar até um ano para estabilizar completamente.

Diagnóstico precoce e doação de órgãos salvam vidas

Apesar dos avanços da medicina, os especialistas reforçam que o transplante deve ser encarado como último recurso. “Precisamos investir em políticas públicas que incentivem consultas regulares com oftalmologista desde a infância”, alerta Ariane. Além disso, ampliar a divulgação sobre a doação de órgãos é essencial, já que cada doador pode transformar a vida de pessoas que perderam a esperança de enxergar. 

Para entender melhor os números e políticas sobre transplantes no Brasil, você pode acessar o portal do Ministério da Saúde.

Resumo: O número de brasileiros na fila para transplante de córnea praticamente dobrou nos últimos anos. A principal causa é o ceratocone, seguido de outras doenças oculares e traumas. Embora a cirurgia seja eficaz, especialistas reforçam a importância do diagnóstico precoce e da conscientização sobre a doação de órgãos para reduzir a espera.

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