O urso-polar (Ursus maritimus) é considerado o maior predador terrestre do planeta. Com peso que pode ultrapassar 800 kg, ele supera outros grandes carnívoros, como os ursos pardos.
A dimensão do animal, combinada a características biológicas únicas, torna o predador eficiente em um ambiente extremamente hostil, onde temperaturas negativas e extensões de gelo definem sua sobrevivência.
Além do porte, o urso-polar possui adaptações que garantem sua eficiência como predador. Membros dianteiros fortes, dentição capaz de perfurar carne, pelagem branca para camuflagem e uma espessa camada de gordura permitem que ele sobreviva em condições de frio extremo.
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Urso-polar: predador adaptado ao gelo
Os animais vivem nas regiões extremas do Ártico, próximas ao Polo Norte, e dependem do gelo marinho para se deslocar e caçar. Sem ele, precisam nadar longas distâncias, aumentando o gasto energético. Essa característica torna o urso-polar um dos carnívoros terrestres com maior área de vida conhecida, devido às mudanças sazonais no gelo.
“O urso polar se alimenta sobretudo de focas, mas há registros de predação de morsas, belugas e narvais, todos animais de grande porte. A tática de caça deles é por emboscada. Eles se aproximam de buracos de respiração de suas presas e fazem um ataque rápido e potente”, explica Marcello Lasneaux, professor de Biologia da Heavenly International School, em Brasília.
O gelo marinho permite que o urso-polar se mova com destreza e se aproxime de suas presas, sendo essencial para sua eficiência como predador. A superfície gelada facilita a aproximação silenciosa, aumentando o sucesso da caça e garantindo que o animal consiga se alimentar com regularidade.
Essa mobilidade é determinante para caçar e para sobreviver em um ambiente marcado por mudanças sazonais no gelo, que afetam suas rotinas e áreas de vida.
A pelagem do urso-polar pode parecer branca ao olho humano, mas seus pelos são, na verdade, translúcidos e refletem a luz visível, criando a aparência branca como forma de camuflagem na neve
Mudanças climáticas e sobrevivência do urso-polar
O urso-polar enfrenta sérios desafios devido ao derretimento do gelo marinho. A redução das calotas de gelo diminui a disponibilidade de presas, obrigando os animais a percorrerem distâncias cada vez maiores em busca de alimento.
Esse esforço adicional compromete a condição física, reduz a capacidade de reprodução e aumenta o gasto energético diário, o que afeta a saúde e a sobrevivência da espécie.
“O urso-polar é classificado como vulnerável à extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). A principal ameaça vem da redução das calotas de gelo no hemisfério Norte, o que diminui a disponibilidade de suas presas. Isso não pode ser considerado adaptação. É, na verdade, uma estratégia imediata de sobrevivência diante da escassez de presas tradicionais”, alerta Fabrício Escarlate, professor de Ciências Biológicas do Centro Universitário de Brasília (Ceub).
A dificuldade em acessar presas tradicionais obriga os ursos a recorrerem a alimentos alternativos, como aves, ovos e resíduos humanos, que não suprem as necessidades nutricionais da espécie.
Esse cenário é ainda mais crítico para os filhotes, cuja sobrevivência depende da nutrição adequada e da presença de gelo para caça e abrigo.
O esforço constante para se alimentar pode reduzir a massa corporal e a resistência a doenças, o que prejudica a capacidade de reprodução e compromete a manutenção das populações.
Relações ecológicas e preservação do urso-polar
O urso-polar ocupa o topo da cadeia alimentar, regulando populações de outros animais e mantendo o equilíbrio do ecossistema. Lasneaux explica que, embora o animal raramente interaja diretamente com espécies como raposas-do-ártico e aves marinhas, todas fazem parte de uma rede alimentar mais ampla, na qual a alteração de uma espécie pode afetar várias outras.
“Existem acordos entre os países do círculo polar ártico como Canadá, Rússia, Estados Unidos e Groenlândia para a conservação do urso-polar. Instituições como o San Diego Zoo também atuam com reprodução em cativeiro e tentativas de repovoamento. No entanto, as medidas são insuficientes se a causa raiz das mudanças climáticas não for combatida”, afirma Escarlate.
Além de ser um símbolo do Ártico, o urso-polar funciona como indicador das mudanças climáticas. A redução de suas populações evidencia a gravidade do degelo e do aquecimento global, o que reforça a importância de sua preservação não apenas como predador de topo, mas também para manter o equilíbrio de ecossistemas inteiros e a saúde ambiental da região.
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