A Polícia Federal (PF) vai acionar a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) em relação a postos de combustíveis usados pelo crime organizado, em especial pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). A medida ocorre depois da revelação de um esquema que movimentou pelo menos R$ 1 bilhão em quatro anos. A apuração é da CNN.
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Segundo a investigação, conduzida em Curitiba e na região metropolitana, 50 postos de combustíveis da mesma rede foram analisados. Destes, 46 apresentaram irregularidades, como fraudes no abastecimento, adulteração de combustíveis e lavagem de dinheiro. Para a PF, “os postos foram criados unicamente para lavar dinheiro do crime, e não para abastecer a sociedade”.
O caso foi revelado na última quinta-feira, 28. Em sua representação, a PF solicitou intervenção judicial nos estabelecimentos. No entanto, o juiz federal responsável pelo processo avaliou que a medida não seria suficiente, já que toda a rede estaria comprometida. Diante disso, a PF decidiu acionar o órgão regulador, para que a ANP adote medidas administrativas, inclusive com possibilidade de fechamento das unidades.
Investigação sobre o PCC nos postos
A apuração faz parte da Operação Tank, que contou com monitoramento velado da PF. Os investigadores utilizaram um caminhão descaracterizado, sem brasão da instituição, e realizaram abastecimentos nos 50 postos investigados. A análise revelou que 46 deles cometiam irregularidades.
As fraudes constatadas incluíam mistura indevida de combustíveis, adulteração de gasolina e a chamada “bomba baixa”, prática em que o volume de combustível entregue é menor do que o registrado no visor da bomba. Além disso, o inquérito mostra que os estabelecimentos recebiam grandes quantidades de dinheiro vivo diariamente.
De acordo com os documentos obtidos pela CNN, havia em média 2 mil depósitos em espécie por dia nos postos. Em determinados períodos, esse número chegou a 12 mil depósitos diários. A movimentação chamou atenção da PF, que concluiu que o dinheiro acumulado era repassado a etapas posteriores da estrutura criminosa.
Segundo a investigação, o grupo chegou a contratar uma transportadora de valores para levar malotes de dinheiro a uma instituição de pagamento recém-criada pela própria organização. Esse mecanismo, de acordo com a PF, permitiu ao PCC profissionalizar ainda mais o fluxo de recursos obtidos com as fraudes.
A operação, que permanece em andamento, tem como foco principal o bloqueio das fontes de receita da facção. A estratégia, conforme apontou o Ministério Público em outra frente da investigação, é “cortar o fluxo de dinheiro” para enfraquecer a atuação do grupo.
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