Sol artificial: fusão nuclear ganha força como energia do futuro nos EUA

Empresas de energia limpa estão investindo cada vez mais em projetos de fusão nuclear, mudando até mesmo o mapa dos Estados Unidos, como mostra este painel interativo da Força-Tarefa do Ar Limpo (CATF). O cenário é particularmente interessante para companhias de tecnologia, que dependem de imensas cargas de energia para operar seus serviços crescentes na área de inteligência artificial.

Mas beber dessa fonte ainda não é uma realidade. E o motivo é relativamente simples: replicar a maneira como o Sol produz luz e calor de forma controlada na Terra requer não é tarefa fácil. O domínio da tecnologia poderia reduzir significativamente a dependência de combustíveis fósseis, diminuindo, por consequência, a poluição de gases de efeito estufa.

Cientistas do Laboratório Nacional Lawrence Livermore, na Califórnia, são os mais bem sucedidos nessa batalha até agora. Em 2022, os pesquisadores conseguiram obter um ganho líquido de energia a partir de uma reação de fusão pela primeira vez. Desde então, o desafio tem sido gerar eletricidade a partir de uma usina de fusão em larga escala.

Microsoft e Google têm investido pesado em empresas que trabalham com fusão nuclear (Imagem: Reprodução)

Energia é tech

Recentemente, a Microsoft fechou um acordo com a Helion Energy para comprar eletricidade de um gerador de fusão que eles acreditam que estará pronto até 2028. Já o Google pretende adquirir 200 megawatts de “energia futura livre de carbono” da Commonwealth Fusion Systems, sediada em Massachusetts.

Apenas neste ano, 53 empresas de fusão receberam um total de US$ 8,9 bilhões (cerca de R$ 48,3 bilhões) em financiamento privado e US$ 795 milhões (R$ 4,3 bilhões) em financiamento público, segundo dados da Fusion Industry Association. Em 2021, os investimentos não passaram de US$ 1,9 bilhão (cerca de R$ 10,3 bilhões).

“Ainda há muito trabalho científico e de engenharia que essas empresas precisam concluir antes de produzirem energia líquida, mas elas criaram um roteiro claro para comercialização para investidores e o mercado está respondendo”, avaliou Patrick White, líder do grupo de energia de fusão e regulamentação de segurança, ao site The Verge.

Gerador de fusão da Helion Energy estará pronto até 2028 (Imagem: Helion Energy/Divulgação)

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Buscando alternativas

A disponibilidade limitada e o alto custo do trítio, uma versão do hidrogênio usada para iniciar reações de fusão, representam uma grande barreira ao sucesso da tecnologia. Esse tipo de sistema requer 112 quilos de trítio por ano, mas sabe-se que atualmente existem menos de 25 quilos de trítio no planeta (sendo a maior parte proveniente de subprodutos de reatores nucleares).

Por isso, cientistas do Laboratório de Los Alamos estão investigando um sistema acionado por acelerador que utiliza tecnologia de sal fundido para produzir um suprimento comercial de trítio a partir de resíduos nucleares.

Domínio da tecnologia poderia reduzir significativamente a dependência de combustíveis fósseis (Imagem: LV4260/iStock)

“Entender como o design impacta os custos e outros fatores é essencial para a nossa abordagem à tomada de decisões em relação à energia”, disse Terence Tarnowsky, físico de Los Alamos. “Nossa modelagem visa mostrar quais designs oferecem a melhor combinação de eficiência e custo-benefício à medida que avançamos para uma possível implementação.”

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