Você sabe o que é efeito borboleta? Entenda o que diz a teoria do caos

O conceito do efeito borboleta foi criado pelo matemático e metereologista Edward Lorenz que, em 1963, analisava sistemas meteorológicos e percebeu que pequenas alterações nas condições iniciais poderiam gerar resultados muito diferentes. Parte da teoria do caos, a ideia se popularizou em filmes e livros, mas possui fundamentos sólidos na física e na matemática.

Apesar da fama de imprevisibilidade, o efeito borboleta não significa que tudo acontece de forma aleatória. Ele evidencia limites e padrões em sistemas que, à primeira vista, parecem desordenados. A ciência mostra que mesmo fenômenos complexos seguem leis, mas sua evolução depende de fatores minuciosos que são difíceis de medir com precisão.

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A metáfora mais conhecida sugere que o bater de asas de uma borboleta no Brasil poderia, em teoria, provocar um tornado no Texas. Essa ilustração ajuda a entender como sistemas complexos são sensíveis a pequenas diferenças nos fatores iniciais que determinam seu comportamento, como temperatura, vento ou pressão.

O que é efeito borboleta?

Para entender o efeito borboleta, é preciso compreender como sistemas não-lineares funcionam. Esses sistemas são aqueles em que pequenas alterações nos fatores iniciais podem resultar em consequências muito diferentes ao longo do tempo.

A teoria do caos não anula as leis físicas ou matemáticas, mas mostra que, mesmo seguindo regras determinísticas, o comportamento do sistema pode ser imprevisível quando observamos sua evolução na prática.

Segundo Guilherme Henrique Schinzel, professor de física no Colégio Marista João Paulo II, o efeito borboleta é uma forma de tornar mais acessível um conceito complexo da física.

“O efeito borboleta é uma ideia popular associada à teoria do caos, que tem relação direta com a física, especialmente em sistemas dinâmicos não lineares. É basicamente uma metáfora para explicar um fenômeno real chamado ‘sensibilidade às condições iniciais’”, explica Schinzel.

O físico evidencia que, por trás da metáfora, existe um princípio científico concreto: pequenas diferenças nos fatores iniciais — como temperatura, pressão ou velocidade do vento em um sistema meteorológico — podem se amplificar com o tempo, levando a resultados inesperados.

Do ponto de vista matemático, Paulo Henrique Alves, professor de matemática do Colégio Católica Brasília, lembra que a expressão “efeito borboleta” surgiu da forma geométrica que o sistema de equações de Lorenz assumiu.

O professor reforça que, por trás da metáfora, existe uma base matemática concreta, capaz de representar fenômenos que parecem imprevisíveis mas seguem padrões mensuráveis, descrevendo um comportamento real de sistemas que podemos estudar e modelar com ciência.

O meteorologista Edward Lorenz descobriu o conceito ao trabalhar com modelos de previsão do tempo, percebendo que minúsculas variações nos dados iniciais podiam gerar resultados completamente diferentes

Diferença entre o caos da física e a incerteza quântica

O efeito borboleta também exige entender a diferença entre caos clássico e incerteza quântica. O caos surge da dificuldade prática de conhecer com precisão todas as condições iniciais de um sistema.

“No caos clássico, a imprevisibilidade surge porque não conseguimos conhecer as condições iniciais com precisão absoluta — mas, em teoria, o sistema é determinista (segue regras pré-estabelecidas). Já na física quântica, existe uma incerteza fundamental: mesmo conhecendo tudo, não dá para prever o resultado exato de certas medições, apenas as probabilidades”, esclarece Schinzel.

Por isso, a imprevisibilidade no efeito borboleta não significa falha da ciência, mas sim uma limitação prática: mesmo sistemas que seguem leis determinísticas podem evoluir de forma imprevisível se não conhecermos cada detalhe de seu estado inicial.

Matematicamente, o professor complementa que, embora o comportamento de sistemas complexos pareça aleatório, ele pode ser representado e estudado por meio de equações.

“Estamos lidando com matemática, pois, o que as pessoas pensam que é acaso, na realidade, é um fenômeno que pode ser representado por equações. Alguns pesquisadores já conseguiram equações capazes de simular o resultado de sistemas como esses”, explica Alves.

Mesmo com modelos computacionais avançados e inteligência artificial, prever sistemas caóticos com precisão total é impossível, uma vez que pequenas diferenças nas condições iniciais se amplificam com o tempo, o que torna previsões a longo prazo pouco confiáveis.

“Não há como prever o futuro perfeitamente no efeito borboleta, pois o conceito demonstra que sistemas complexos são sensíveis às suas condições iniciais”, esclarece Alves.

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