Um corpo cansado, a sensação de inchaço abdominal e até lapsos de memória podem parecer sinais isolados de uma rotina estressante, mas podem estar ligados a um problema de saúde que cresce silenciosamente: a gordura no fígado, ou esteatose hepática. Apesar de cada vez mais comum, a doença ainda é pouco diagnosticada no Brasil, o que preocupa especialistas.
De acordo com uma pesquisa do Instituto Datafolha em parceria com a farmacêutica Novo Nordisk, 62% dos brasileiros afirmam estar preocupados com a condição, mas 61% nunca realizaram exames específicos ou não sabem como detectar a doença. Apenas 7% receberam um diagnóstico formal até hoje.
Uma doença que pode evoluir sem dar sinais
A esteatose hepática atinge cerca de 30% da população mundial e, em muitos casos, não apresenta sintomas claros nas fases iniciais. O perigo está justamente no avanço silencioso: quando não tratada, pode evoluir para fibrose, cirrose hepática e até câncer de fígado.
Segundo a gastroenterologista e hepatologista Lilian Curvelo, o problema está profundamente ligado ao estilo de vida. “É uma doença silenciosa, muitas vezes sem sintomas nas fases iniciais, mas com potencial de complicações sérias se não for identificada e tratada. O mais preocupante é que ela está profundamente ligada aos nossos hábitos, principalmente alimentação, sedentarismo e excesso de álcool e mesmo assim continua subdiagnosticada”, explica.
Sinais de alerta no dia a dia
Embora possa não causar incômodos no início, alguns sintomas devem acender a luz vermelha:
Fadiga persistente, mesmo após o descanso;
Sensação de inchaço ou desconforto abdominal;
Dificuldades de concentração e pequenos lapsos de memória;
Dor leve no lado direito do abdômen.
Esses sinais, quando associados a fatores de risco como obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão ou consumo frequente de álcool, reforçam a necessidade de procurar um médico.
O que aumenta o risco
O levantamento do Datafolha mostra que 66% dos brasileiros têm sobrepeso ou obesidade, condição que, junto ao sedentarismo, está diretamente relacionada à gordura no fígado. Outros 55% afirmam consumir bebida alcoólica regularmente, e esse percentual sobe para 57% entre quem já tem excesso de peso.
Além disso, apenas 44% disseram que procurariam especialistas como hepatologistas ou gastroenterologistas em caso de diagnóstico, o que dificulta ainda mais a identificação precoce.
Veja os sinais ocultos da gordura no fígado. Foto: FreePik
Como prevenir e reverter o quadro
A boa notícia é que a esteatose hepática pode ser prevenida – e até revertida nos estágios iniciais – com mudanças simples de hábito. Lilian destaca sete medidas essenciais:
Reduzir ou eliminar o consumo de álcool.
Evitar ultraprocessados, priorizando alimentos frescos e nutritivos.
Praticar atividade física regularmente (150 minutos por semana de atividade aeróbica + treinos de força).
Controlar doenças associadas, como diabetes e hipertensão.
Manter o peso corporal sob controle, com redução gradual.
Evitar automedicação e o uso indiscriminado de suplementos.
Realizar consultas médicas periódicas e exames.
Por que falar sobre isso agora
A especialista reforça que o tema precisa ganhar mais espaço no debate público. “O nome pode parecer técnico, mas o problema é cotidiano. Ele está na rotina desregulada, no sedentarismo, nos ultraprocessados e no excesso de bebida. Porém, a prevenção também está na rotina: com hábitos mais saudáveis, é possível não só evitar a doença, como até reverter o quadro nos estágios iniciais”, finaliza Lilian.
Resumo:
A gordura no fígado é uma condição silenciosa que pode causar fadiga, inchaço e até dificuldades cognitivas. Apesar de preocupados, a maioria dos brasileiros não faz exames preventivos. Mudanças de hábito e acompanhamento médico são fundamentais para evitar complicações graves, como cirrose e câncer hepático.
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