Sua próxima busca no iPhone não será no Google; conheça o plano secreto da Apple

A Apple prepara o lançamento de uma nova ferramenta de busca na web baseada em inteligência artificial (IA), marcado para o próximo ano, em uma estratégia que intensifica a concorrência com empresas, como OpenAI e Perplexity.

Segundo pessoas com conhecimento do assunto entrevistadas por Mark Gurman, da Bloomberg, o sistema, chamado internamente de World Knowledge Answers, será integrado inicialmente à assistente de voz do ecossistema da maçã, a Siri.

A empresa também avalia expandir a tecnologia para o navegador Safari e para o Spotlight, mecanismo de busca usado a partir da tela inicial do iPhone. O lançamento deve ocorrer na primavera do hemisfério norte, como parte de uma aguardada reformulação da Siri.

Safai e Spotlight também deverão receber a tecnologia (Imagem: Primakov/Shutterstock)

Como deve ser o novo sistema de buscas da Apple

Alguns executivos descrevem o serviço como um “motor de respostas”;

A ideia é transformar os sistemas da Apple em uma plataforma capaz de fornecer informações diretamente da internet, em modelo semelhante ao do ChatGPT, ao AI Overviews do Google e a outros aplicativos recentes;

A tecnologia se baseará em modelos de linguagem grande (LLMs, na sigla em inglês), fundamentais para a IA generativa;

A base tecnológica poderá vir, em parte, da Alphabet, controladora do Google. As empresas fecharam um acordo formal nesta semana para que a Apple avalie e teste um modelo de IA desenvolvido pelo Google para reforçar a assistente de voz;

O novo recurso oferecerá resultados em diferentes formatos — texto, fotos, vídeos e pontos de interesse locais — e contará com um sistema de sumarização por IA, projetado para entregar respostas mais rápidas e precisas que a versão atual da Siri.

Desde seu lançamento em 2011, a Siri já respondia a perguntas básicas e oferecia informações sobre personalidades, eventos, filmes e esportes. No entanto, tem dificuldades com buscas mais complexas, frequentemente redirecionando para o Google ou para o ChatGPT. Essa limitação expôs a defasagem da Apple em inteligência artificial.

Semana de múltiplas sensações para o Google

A novidade surge na mesma semana em que uma decisão judicial nos Estados Unidos autorizou a manutenção do acordo que mantém o Google como buscador padrão nos dispositivos da Apple, com pequenas modificações.

Esse contrato gera cerca de US$ 20 bilhões (R$ 109 bilhões, na conversão direta) anuais para a companhia. O mercado reagiu positivamente à sua continuidade. Ainda assim, a aposta em um sistema de busca baseado em IA continua em andamento.

Em depoimento anterior, Eddy Cue, chefe de serviços da Apple, afirmou que o número de pesquisas feitas no Google a partir de dispositivos da marca havia caído pela primeira vez em duas décadas. “Estamos começando a ver o que acredito serem potenciais concorrentes formidáveis” para os mecanismos de busca tradicionais, declarou, referindo-se às opções de IA.

A reformulação da Siri, chamada internamente de Linwood e LLM Siri, permitirá que a assistente utilize dados pessoais e o conteúdo exibido na tela para responder com mais precisão, além de navegar nos dispositivos apenas por comando de voz.

Segundo a Bloomberg, Craig Federighi, chefe de engenharia de software e responsável pela estratégia da Siri, comentou, em reunião interna: “O trabalho que fizemos nessa reformulação de ponta a ponta da Siri nos deu os resultados que precisávamos. Isso nos colocou em posição de entregar não apenas o que anunciamos, mas uma atualização muito maior do que prevíamos.”

Justiça dos EUA permitiu que contrato entre Apple e Google continue valendo (Imagem: daily_creativity/Shutterstock)

A iniciativa mobiliza várias equipes: o grupo da Siri, liderado por Federighi; a divisão de IA, chefiada por John Giannandrea; e a unidade de serviços, sob o comando de Eddy Cue. Também participam Mike Rockwell, criador do headset Vision Pro, e Robby Walker, ex-líder da Siri.

O projeto considera o uso de modelos de IA de terceiros, em uma iniciativa chamada Glenwood. A Apple estuda utilizar o Gemini, do Google, especialmente para a função de sumarização, rodando em servidores próprios da companhia.

Também avalia modelos da Anthropic (Claude) e soluções internas. A escolha pelo Google foi motivada por condições financeiras mais vantajosas, após a Anthropic pedir mais de US$ 1,5 bilhão (R$ 8,17 bilhões) anuais para licenciamento.

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No futuro, a empresa pretende redesenhar a interface da Siri e lançar um agente de saúde baseado em IA, integrado a um serviço de assinatura de bem-estar previsto para 2026. Também trabalha em recursos de conversação aprimorados para dispositivos domésticos. As mudanças fazem parte de um esforço de recuperação da maçã no campo da IA.

Durante o desenvolvimento, a companhia chegou a avaliar a aquisição da Perplexity e discutiu a compra da startup francesa Mistral, mas decidiu seguir com soluções próprias.

A área, no entanto, enfrenta desgaste: Ruoming Pang, criador da equipe Apple Foundation Models, deixou a empresa para assumir posição na Meta, com remuneração superior a US$ 200 milhões (R$ 1,09 bilhão), acompanhado por parte significativa de sua equipe. Outros pesquisadores migraram recentemente para OpenAI e Anthropic.

A atualização que trará a nova Siri e o sistema de busca deve integrar o pacote de software identificado como Luck E, correspondente ao iOS 26.4, previsto para março. A versão inicial do iOS 26 começa a ser distribuída ainda este mês, junto com o lançamento do iPhone 17, programado para a próxima semana.

Maçã planeja redesenhar a identidade da Siri após turbiná-la com IA (Imagem: T. Schneider/Shutterstock)

O que dizem as big techs

A Apple e o Google, com sedes respectivamente em Cupertino (EUA) e Mountain View, na Califórnia (EUA), não comentaram o assunto ao serem procurados pela Bloomberg. Após a notícia ser divulgada, as ações da Apple subiram 3,8%, fechando a sessão a US$ 238,47 (R$ 1.299,69), no maior salto diário em quase um mês.

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