A enxaqueca não é apenas uma dor de cabeça forte. Trata-se de uma doença neurológica crônica, hereditária e complexa, que atinge cerca de 30 milhões de brasileiros, segundo a Organização Mundial da Saúde.
Diferentemente da dor de cabeça comum, que sinaliza algum desequilíbrio no organismo, a enxaqueca aparece em crises intensas, muitas vezes acompanhadas de náuseas, alterações visuais, zumbido, mudanças de humor e até distúrbios gastrointestinais.
Embora não seja causada pela alimentação, alguns alimentos podem atuar como gatilhos para desencadear ou agravar as crises. Por isso, o acompanhamento nutricional tem papel importante dentro do tratamento, ajudando a reduzir a frequência e a intensidade dos episódios.
O papel dos alimentos como gatilho
“A enxaqueca é uma doença de um cérebro hiperexcitável. Substâncias estimulantes presentes em alguns alimentos, como cafeína e compostos termogênicos como o gengibre e a canela, podem atuar como gatilhos e ‘pioradores’ das crises, especialmente em indivíduos com mais sensibilidade neurológica”, explica Thais Villa, médica neurologista especializada no diagnóstico e tratamento da condição.
Entre os principais alimentos que exigem atenção estão:
Bebidas com cafeína, como café, chás verde, branco, preto, mate, matcha, refrigerantes de cola ou guaraná e energéticos
Suplementos pré-treino com substâncias estimulantes
Produtos ricos em glutamato monossódico, presente em temperos prontos, salgadinhos, biscoitos e molho shoyu
Alimentos termogênicos, como pimentas fortes, gengibre, cúrcuma e canela
A neurologista reforça que a alimentação, isoladamente, não causa enxaqueca. “Cortar alimentos é parte do processo, não a solução isolada. O tratamento da enxaqueca precisa ser integrado, com acompanhamento neurológico e intervenções medicamentosas e não medicamentosas. O apoio nutricional é estratégico para melhorar a resposta ao tratamento, oferecendo orientações personalizadas”, completa Thais.
O apoio da nutrição no tratamento
Veja como evitar a enxaqueca com a alimentação certa. Foto: FreePik
A nutricionista Andréia Oliveira, que atua no Headache Center Brasil, centro integrado fundado por Thais Villa, destaca que muitas vezes os sintomas da enxaqueca vão além da dor.
“Assim como no diabetes, em que o açúcar precisa ser controlado, mas não é o único componente da abordagem terapêutica, a enxaqueca exige um plano completo. O trabalho multidisciplinar tem se mostrado cada vez mais eficaz no manejo da doença e de seus sintomas, que muitas vezes incluem distúrbios gastrointestinais, de sono, de comer compulsivo, situações em que a atuação do nutricionista se torna fundamental”, diz
Uma abordagem que vai além do prato
Por ser hereditária, a enxaqueca não tem cura, mas pode ser controlada. A atuação de neurologistas, nutricionistas, psicólogos e outros profissionais garante um tratamento mais efetivo, que diminui a intensidade das crises e melhora a qualidade de vida dos pacientes. O que vai ao prato é apenas uma parte dessa jornada, mas pode fazer grande diferença no dia a dia.
Resumo:
A enxaqueca é uma doença neurológica crônica que pode ser agravada por alimentos como café, chocolate, gengibre e temperos prontos. Especialistas destacam que a nutrição é um apoio estratégico no tratamento, mas deve estar integrada a uma abordagem multidisciplinar.
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