Vídeo inédito mostra acasalamento de onça preta rara na Amazônia

Um momento inédito foi registrado por pesquisadores na Amazônia. Câmeras gravaram cenas nunca vistas antes de uma onça-pintada com pelagem preta e outra de cor comum acasalando na natureza. As imagens foram feitas no Parque Nacional da Serra do Pardo, no Rio Xingu.

A descoberta foi feita por pesquisadores da Universidade de East Anglia (UEA), no Reino Unido, e publicada em agosto na revista científica Ecology and Evolution.

A gravação foi feita graças ao uso de armadilhas fotográficas e outras ferramentas não invasivas. A técnica vem revolucionando a forma de estudar espécies com comportamentos evasivos, como as onças-pintadas.

“Tiramos a sorte grande e captamos a primeira filmagem de uma onça-preta acasalando com um macho malhado na natureza. A gravação revela o namoro e a cópula. Se eles tivessem se movido alguns metros, teríamos perdido tudo”, comemora um dos autores do artigo, Carlos Peres, professor da Escola de Ciências Ambientais da UEA, em comunicado.

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Veja algumas imagens 

Dúvidas sobre o motivo do comportamento

Apesar de mostrar uma sequência de comportamentos de cortejo e cópula, um fato chamou a atenção dos pesquisadores: a onça preta fêmea tinha sinais de lactação, como mamilos protuberantes, levantando dúvidas se estava verdadeiramente em estro (estado conhecido como cio).

Os autores especulam que o animal estivesse em psuedoestro, um comportamento utilizado para proteger os filhotes, confundido a paternidade.

“Se a fêmea estivesse de fato lactando, isso poderia significar que ela estava usando uma estratégia de ‘esconde-esconde’, que consiste em acasalar para confundir a paternidade e proteger seus filhotes. Essa é uma possibilidade que não podemos descartar”, explica o autor principal do estudo, Thomas Luypaert, da Universidade Norueguesa de Ciências da Vida (NMBU, na sigla em inglês).

Por que a onça é preta?

A onça fêmea registrada nas imagens é uma onça-pintada, porém é preta devido ao melanismo, uma mutação genética rara que aumenta a produção de melanina, tornando a pelagem do animal preta. Mesmo tendo características genéticas distintas do parceiro, não foram detectadas diferenças claras nos padrões de acasalamento entre os dois.

Luypaert destaca que o comportamento selvagem para a reprodução era o mesmo observado em zoológicos. “Isso sugere que alguns aspectos do namoro da onça-pintada podem estar profundamente conservados”, diz o docente.

Compreender melhor como as onças se comportam em ambientes naturais pode ser essencial para elevar o sucesso reprodutivo da espécie, refinando o processo de inseminação artificial em cativeiro e melhorando as avaliações de compatibilidade de parceiros em cativeiro.

Por fim, os pesquisadores avaliam que o trabalho pode ajudar em estudos futuros para explorar se o melanismo influencia no processo reprodutivo, comportamento social e outras características ecológicas da onça-pintada.

O estudo faz parte da Expedição de Biodiversidade e Carbono na Amazônia (ABC), projeto financiado por universidades norueguesas e ingleses, em parceria com instituições brasileiras. O foco está na pesquisa, conservação, desenvolvimento e avaliação dos estoques de carbono na Amazônia.

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