Energia eólica: como investimento pode motivar a preservação ambiental

A energia eólica é gerada a partir da força do vento, que movimenta turbinas conectadas a geradores elétricos. É uma fonte renovável, limpa e que não emite gases de efeito estufa durante a operação.

No Brasil, especialmente no Nordeste, a energia eólica representa uma oportunidade para diversificar a matriz elétrica e reduzir os impactos ambientais causados por gases poluentes. Segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), cada megawatt instalado evita milhares de toneladas de dióxido de carbono por ano.

O crescimento do setor envolve desafios ligados à regulação, planejamento do sistema elétrico e direitos de comunidades locais. Especialistas explicam que o avanço da energia eólica traz benefícios ambientais e econômicos, mas exige aplicação de políticas públicas para equilibrar interesses sociais e ambientais.

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Como energia eólica incentiva a preservação ambiental no Brasil

A energia eólica não emite dióxido de carbono, não consome água e não gera resíduos durante a operação, o que a torna uma alternativa eficiente para substituir termelétricas à gás, carvão ou óleo.

Dessa forma, a eletricidade gerada a partir do vento ajuda a reduzir diretamente a quantidade de gases responsáveis pelo efeito estufa, resultando na diminuição da poluição.

“O Brasil possui um dos maiores potenciais eólicos do mundo, com vento constante e intenso. Esse perfil, complementar às hidrelétricas, permite reduzir a poluição sem comprometer a segurança energética do país”, explica Paulo Lube, professor e coordenador do curso de engenharia elétrica da Universidade de Iguaçu (UNIG).

Ele explica que, em 2023, a geração mundial desse tipo de energia evitou a emissão de aproximadamente 1,3 bilhão de toneladas de CO2, o equivalente às emissões anuais de um país do porte da Alemanha.

No Brasil, o crescimento da energia eólica na matriz elétrica reduz a necessidade de acionar termelétricas à carvão, gás ou óleo, que emitem mais poluentes. Com isso, o país consegue gerar eletricidade de forma mais constante, aproveitando os ventos como fonte limpa e diminuindo os impactos ambientais associados à queima de combustíveis fósseis.

Além dos benefícios diretos para o clima, a especialista em governança climática Ana Luci Grizzi, do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), ressalta que a presença dessa fonte de energia contribui para que o país figure entre aqueles com menores emissões per capita de gases de efeito estufa no G20.

Segundo ela, essa liderança em renováveis permite ao Brasil atrair investimentos, parcerias tecnológicas e consolidar um papel efetivo nas discussões globais de descarbonização, bem como incentivar a adoção de práticas de preservação ambiental em projetos de infraestrutura.

“O impacto perceptível da energia eólica na desaceleração das mudanças climáticas ainda não pode ser afirmado isoladamente. Temos avanços, mas ainda é necessário um esforço muito maior”, explica.
Para gerar eletricidade, a caixa multiplicadora transforma o movimento das pás em rotações mais rápidas, que acionam um gerador, convertendo a energia mecânica em energia elétrica

Potencial e barreiras da energia eólica no Brasil

O Brasil se destaca mundialmente pelo potencial dos ventos, segundo avaliação do engenheiro elétrico Cássio Cardoso, do Grupo de Trabalho de Energia e Desenvolvimento Sustentável do Conselho Latino Americano de Ciências Sociais (CLACSO) e assessor do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), em Brasília.

“Esse potencial abre um leque de oportunidades, como a descarbonização da matriz elétrica, a produção de novos vetores energéticos, a reindustrialização nacional ancorada em uma economia de baixo carbono competitiva no mercado internacional e a possibilidade de garantir acesso contínuo e a preços mais baixos para toda a população”, explica Cardoso.

Apesar das oportunidades, ele destaca uma série de barreiras que podem limitar o crescimento sustentável do setor. Pequenos produtores rurais enfrentam desafios como a instalação de torres muito próximas às residências, remuneração considerada insuficiente e surgimento de problemas de saúde relacionados à proximidade das turbinas.

Além disso, há obstáculos técnicos e logísticos, já que grande parte do investimento depende da arrecadação por meio das tarifas de energia, e a distribuição da eletricidade enfrenta limitações devido à necessidade de linhas de transmissão mais eficientes.

Esse ponto é especialmente crítico no Brasil, uma vez que grande parte da geração eólica está concentrada no Nordeste, enquanto os maiores centros de consumo ficam no Sul e Sudeste.

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