Paleontologia: conheça os principais dinossauros que viveram no Brasil

Eles dominam filmes e séries, estampam brinquedos e até livros infantis, mas você sabia que vários dinossauros também já foram encontrados no Brasil? Do sertão nordestino ao interior de São Paulo, fósseis revelam espécies que habitaram nosso território milhões de anos atrás.

Até hoje, cerca de 40 espécies de dinossauros já foram identificadas em território brasileiro. A lista inclui carnívoros e herbívoros, bípedes e quadrúpedes, mas alguns se destacam pela idade, raridade ou estado de preservação.

No Rio Grande do Sul, estão alguns dos mais antigos dinossauros conhecidos no mundo, com aproximadamente 233 milhões de anos. O paleontólogo Luiz Eduardo Anelli, professor do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (USP) destaca duas espécies.

“O Staurikosaurus pricei e o Buriolestes schultzi são famosos porque, até onde sabemos, representam os primeiros dinossauros que existiram”, diz o especialista, que é autor do Novo Guia Completo dos Dinossauros do Brasil.

Outro nome que ganhou destaque internacional foi o Ubirajara jubatus, descoberto no Ceará. Preservado com penas, se tornou símbolo de uma polêmica ao ser levado ilegalmente para a Alemanha e, anos depois, repatriado. “É um dinossauro espetacular, que hoje está em exposição no Museu de Paleontologia de Santana do Cariri”, acrescenta Anelli.

O paleontólogo Rodrigo Santucci, professor da Universidade de Brasília (UnB), lembra ainda do Uberabatitan, encontrado em Minas Gerais. “Era um dos maiores já descobertos no Brasil, um saurópode de pescoço e cauda longos”, detalha.

3 imagensFechar modal.1 de 3

Ixalerpeton e buriolestes schultzi

Luiz Eduardo Anelli/Reprodução2 de 3

Ubirajara jubatus

Luiz Eduardo Anelli/Reprodução3 de 3

Staurikosaurus pricei

Luiz Eduardo Anelli/Reprodução

Onde os dinossauros foram encontrados?

A variedade de fósseis também ajuda a reconstituir os ambientes em que esses animais viveram. Segundo Anelli, os dinossauros triássicos do Rio Grande do Sul habitavam áreas com rios e lagos temporários, sujeitos a longos períodos de seca intercalados por chuvas intensas.

Já o Ubirajara vivia às margens de um grande lago-mar que se estendia pelo atual Nordeste. “Era um ambiente de águas salobras, ricas em vegetação, onde também viviam pterossauros e outros répteis”, descreve.

Leia também

Ciência

Fóssil de pequeno mamífero da era dos dinossauros é achado no Chile

Ciência

Velozes? Estudo mostra que dinossauros eram mais lentos do se pensava

Ciência

Estudo de fóssil revela que dinossauro famoso voava como uma galinha

Mundo

Pegada de dinossauro se torna nova atração turística do Irã

Santucci acrescenta que as rochas sedimentares ajudam a entender esses cenários. “Seus restos podem aparecer em depósitos de rios, lagos ou praias. Em São Paulo, por exemplo, há pegadas preservadas em rochas formadas por dunas, o que indica que algumas espécies viveram em regiões desérticas”, observa.

Por que o Brasil é importante para a paleontologia

As descobertas feitas no país reforçam o potencial científico ainda pouco explorado. “Nós encontramos apenas 0,1% do que podemos achar”, afirma Anelli.

Para ele, a limitação está na falta de mão de obra, tempo e recursos financeiros para expedições. “Muitos dinossauros ainda serão descobertos nos próximos 100 anos”, aponta.

Além do valor científico, os fósseis cumprem um papel de divulgação e preservação da memória natural. No Brasil, eles são patrimônio da União e podem ser vistos em museus de diferentes portes.

Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!