A ciência continua avançando com a pesquisa de órgãos de porcos em humanos, e agora os xenotransplantes entram em uma fase inédita: ensaios clínicos maiores. A eGenesis, empresa de biotecnologia especializada em porcos geneticamente editados, anunciou que o FDA autorizou testes em humanos com rins de porco, uma medida que especialistas consideram um marco histórico.
Segundo Paul Conway, presidente da Associação Americana de Pacientes Renais, “é um período muito otimista para todos que dependem de transplantes”. Esses órgãos são modificados para serem mais compatíveis com o corpo humano, usando a ferramenta CRISPR para desativar o gene que produz alfa gal, uma substância que normalmente causaria rejeição imediata.
Pacientes pioneiros mostram resultados promissores
No Hospital Geral de Massachusetts, Bill Stewart, de 54 anos, recebeu um rim de porco em junho e já voltou a trabalhar e retomar atividades físicas leves. Antes do procedimento, ele estava em diálise há mais de dois anos, enfrentando uma expectativa de vida limitada. “Poder voltar ao trabalho e aproveitar atividades ao ar livre novamente é simplesmente incrível”, comenta Stewart à CNN.
Casos anteriores, como os de Rick Slayman e Tim Andrews, também mostram que xenotransplantes podem oferecer esperança a pacientes sem alternativas viáveis. Enquanto Slayman, infelizmente, faleceu por complicações cardíacas não relacionadas ao órgão transplantado, Andrews mantém o rim de porco funcionando até hoje, demonstrando a viabilidade da tecnologia.
Ensaios clínicos nos EUA começam a testar rins de porcos geneticamente modificados em humanos – Crédito: FreePik
A longa espera por transplantes de rim nos EUA
Nos Estados Unidos, mais de 100 mil pessoas aguardam doações, e 86% delas necessitam de rins. A espera média varia de três a cinco anos, podendo chegar a uma década para quem tem sangue tipo O, como Stewart. Durante esse período, os pacientes enfrentam sessões regulares de diálise, com risco de mortalidade elevado.
Com os xenotransplantes, pesquisadores esperam reduzir essa espera e testar a durabilidade dos órgãos em pacientes mais saudáveis, oferecendo dados mais abrangentes sobre eficácia e segurança.
Ensaios clínicos ampliam perspectivas
Os próximos ensaios clínicos permitirão observar os rins de porco em uma população maior de pacientes, garantindo informações sobre a aplicabilidade do procedimento em diferentes perfis de saúde. Segundo Mike Curtis, CEO da eGenesis, “a única maneira de saber como isso funcionará em uma multiplicidade de pacientes é realizar estudos maiores”.
A United Therapeutics também se prepara para iniciar testes ainda este ano, envolvendo até 50 pacientes. Esses ensaios serão essenciais para avaliar não apenas a compatibilidade, mas também a durabilidade dos órgãos fora das condições críticas de pacientes em diálise avançada.
Olhando para o futuro dos xenotransplantes
Especialistas acreditam que os rins de porco podem se tornar uma solução real para milhões de pessoas com insuficiência renal. Estima-se que 37 milhões de adultos nos EUA tenham doença renal crônica, e cerca de 800 mil enfrentam insuficiência em estágio terminal. Ensaios bem-sucedidos podem revolucionar o acesso a órgãos e salvar inúmeras vidas.
Para Bill Stewart e outros pacientes pioneiros, os avanços representam mais do que ciência: significam esperança, energia renovada e a chance de retomar a vida que a doença quase lhes tirou.
Resumo: Pesquisas com rins de porco em humanos avançam nos EUA, com ensaios clínicos maiores e resultados promissores. Pacientes pioneiros mostram melhora significativa, e especialistas veem esperança para milhões em lista de espera.
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