Apesar das tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros, o esperado alívio no preço da carne no Brasil não se concretizou. No último ano, o valor do produto alimentício no mercado nacional subiu mais de 20%, de modo a contrariar previsões de economistas.
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A expectativa era que, com a redução das exportações para os Estados Unidos, aumentasse a oferta interna e, consequentemente, houvesse queda nos preços. Porém, a demanda de outros países compensou a diminuição norte-americana.
Entre janeiro e agosto de 2025, as exportações de carne aumentaram 34%. Os destaques são o México, que elevou suas importações em mais de 250%, e a China, responsável por uma alta de 41% nas compras.
Exportações e o preço da carne no mercado interno
Coordenador de Pecuária do Centro de Estudos de Economia Aplicada (Cepea) da USP, Thiago Bernardino afirmou à TV Globo que o Brasil tem “os menores custos de produção do mundo”. “Então, isso acaba atraindo muitos competidores em termos de compra dessa carne e, obviamente, colocando o Brasil nesse cenário aí de líder mundial das exportações”, declarou.
Os pecuaristas se beneficiam com o cenário, mas o consumidor enfrenta dificuldades diante dos preços elevados. Pequenas quedas recentes não foram suficientes para compensar a inflação acumulada no último ano.
Além da demanda externa, a estiagem típica do período contribui para o encarecimento do produto no mercado interno, já que reduz a disponibilidade de pasto e atrasa o ganho de peso do gado. O valor da arroba do boi gordo permanece próximo de R$ 300 há quase 12 meses.
O aumento do consumo interno, impulsionado pela queda do desemprego e elevação da renda, também pressiona os preços. Para o professor de economia do Ibmec-SP, André Diz, a tendência é de manutenção desse quadro.
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“A carne acaba sendo, para muitas famílias brasileiras, um objeto de desejo”, disse Diz, à Globo. “Então, qualquer adicional de renda que você tenha, a primeira forma de você resolver esse problema é aumentar a quantidade de proteína. Esse quadro não deve se alterar até o final do ano. O que a gente enxerga é um cenário que segue pressionado do ponto de vista de preços e, para o consumidor brasileiro, uma carne um pouco mais cara do que a gente viu em outros anos.”
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