O futuro do ecossistema marinho é preocupante. Um novo estudo mostra que as pressões das atividades humanas combinadas com as mudanças climáticas estão destruindo os oceanos e podem dobrar os impactos no ecossistema marinho até 2050.
A atividade pesqueira indiscriminada, a poluição por plásticos e o uso para bem-estar e turismo estão entre as atividades que vêm prejudicando a saúde dos oceanos.
“Nosso impacto cumulativo nos oceanos, que já é substancial, vai dobrar até 2050 — em apenas 25 anos”, afirma o autor principal do artigo, Ben Halpern, ecologista marinho da Universidade da Califórnia em Santa Barbara (UCSB), em comunicado.
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Halpern trabalhou com a equipe da UCSB, dos Estados Unidos, em parceria com pesquisadores da Universidade Nelson Mandela, na África do Sul. O resultado do estudo foi publicado na última quarta-feira (4/9), na revista científica Science.
O objetivo da investigação era entender como estarão os oceanos no futuro. Para isso, os pesquisadores mapearam 20 habitats marinhos distintos, com uma resolução de 10 km, calculando de que forma os efeitos cumulativos –alterações no clima, poluição, pesca e outros – afetariam os locais. Foram simulados dois cenários sobre os possíveis impactos.
Halpern alerta que os efeitos cumulativos acontecerão muito rapidamente, caso não sejam diminuídos. Os trópicos e os polos sentirão mais rápido as mudanças. Os maiores prejuízos serão sentidos nas áreas costeiras.
Impactos significativos
Segundo os pesquisadores, a temperatura das águas oceânicas e a perda da fauna marinha através da pesca são os fatores que mais impactarão o futuro. Os prejuízos já são vistos nos trópicos e nos polos, sendo que a tendência é piorar nos anos seguintes.
Dependendo do tamanho dos prejuízos ambientais, o trabalho de instituições ligadas à área de conservação será bem mais difícil para restabelecer a capacidade dos ecossistemas marinhos em prosperar como antes.
Os impactos cumulativos nas áreas costeiras também preocupam os cientistas, visto que são as regiões onde os humanos extraem mais riquezas do oceano, como a alimentação.
Necessidade de respostas
Um dos objetivos dos cientistas era criar um modelo de previsão sobre os impactos cumulativos no oceano mais abrangente do que os usados em pesquisas anteriores. Por isso, juntaram todos os agentes em um único cenário.
“As pessoas monitoravam um problema de cada vez e havia uma sensação generalizada de que o oceano é tão vasto que os impactos humanos não poderiam ser tão graves”, diz Halpern.
São necessárias mudanças urgentes para não prejudicar ainda mais os oceanos no futuro
Durante a análise, a equipe encontrou um artigo de 2008, publicado na revista Science, que investigou 17 conjuntos de dados globais sobre o tamanho do impacto humano em 20 ecossistemas marinhos. O estudo identificou que quase 41% dos oceanos mundiais foram prejudicados pelos humanos.
Mudanças para salvar os oceanos
A equipe avalia que a implementação de ações políticas é essencial para frear o avanço das pressões das atividades humanas e das mudanças climáticas. Elas devem focar no gerenciamento da atividade pesqueira e na proteção de habitats mais impactados, como pântanos e manguezais, diminuindo pressões humanas sobre eles.
As providências devem ser tomadas o quanto antes para diminuir ou exterminar os prejuízos cumulativos sobre os ecossistemas marinhos. “Ainda podemos mudar esse futuro. Este artigo é um alerta, não uma receita”, finaliza Halpern.
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