Árabes querem usar o Brasil como polo global na indústria bélica

Gigante de tecnologia bélica e defesa dos Emirados Árabes Unidos, o Grupo Edge planeja construir no Brasil uma espécie de polo global dentro do seu segmento de atuação. Os primeiros passos ocorreram com a aquisição de duas companhias nacionais: a Siatt, em São José dos Campos (SP), e a Condor, em Nova Iguaçu (RJ). 

Conforme Hamad Al Marar, CEO da empresa cuja sede fica na Península Arábica, o objetivo é transformar o Brasil em uma base de exportação e desenvolvimento tecnológico. De acordo com entrevista do executivo ao jornal Folha de S.Paulo, a escolha pelo país se deve à tradição em engenharia e ao potencial de talentos locais. 

Árabes querem repetir o sucesso da Embraer

“O país é uma mina de ouro para talentos. Queremos reproduzir uma história de sucesso como a Embraer, mas em escala ainda maior, voltada à defesa”, disse o CEO. Em outubro de 2022, o Edge comprou 49% do controle da Siatt. Pagou R$ 3 bilhões. O investimento abriu caminho para algumas oportunidades.

Uma delas é o desenvolvimento de um míssil antinavio. O artefato bélico já está em fase de testes, com encomendas do governo brasileiro e dos Emirados. O equipamento tem potencial capacidade de destruir embarcações de guerra ou navios de grande porte.

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Em abril de 2024, o Edge anunciou a aquisição de 51% da Condor. O grupo não revelou o valor da transação. A Condor é a principal produtora mundial de gás lacrimogêneo. Do mesmo modo, fabrica armas não letais. No portfólio estão gás lacrimogêneo, granadas de fumaça, kits de operação tática, sprays, assim como drones com agentes químicos irritantes. 

Com vendas para mais de 85 países, a Condor atende principalmente governos na área militar, de defesa civil e segurança pública. Ao se associar com o Edge, a empresa brasileira pôde abrir instalações no Oriente Médio, facilitando exportações que antes esbarravam em barreiras logísticas, securitárias e diplomáticas.

Com faturamento anual de US$ 5 bilhões — 53% em exportações –, o Edge ainda registra menos de 5% de sua receita na América Latina. A estratégia, porém, é ampliar a presença regional com contratos de segurança. Em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, a empresa já conduz testes de vigilância, embora ainda não tenha contratos.

Além do setor militar, Al Marar cita aplicações civis para as tecnologias do grupo, como drones de reconhecimento para inspeção de plataformas de petróleo, gasodutos, monitoramento ambiental e vigilância da Amazônia. “Temos mais interesse no Brasil do que em qualquer outra coisa, seja em portos, turismo ou segurança alimentar.”

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