Um estudo recente publicado pela revista científica Cell revelou que células-tronco humanas envelhecem mais rapidamente no espaço e perdem parte de sua função regenerativa. A pesquisa foi conduzida pela Universidade da Califórnia em San Diego (UC San Diego) em parceria com missões de reabastecimento da SpaceX, que levaram amostras para a Estação Espacial Internacional (ISS).
Segundo os cientistas, o espaço representa um verdadeiro “teste de estresse definitivo para o corpo humano”, uma vez que a microgravidade e a radiação cósmica alteram de forma significativa os processos celulares.
Passar muito tempo no espaço pode afetar a saúde de astronautas (Imagem: anusorn nakdee/iStock)
Como o espaço afeta as células-tronco
No experimento, células-tronco hematopoéticas — responsáveis pela renovação do sangue e pela defesa imunológica — foram cultivadas em nanobioreatores capazes de monitorar em tempo real seu comportamento com ajuda de inteligência artificial.
Os resultados foram preocupantes:
As células ficaram mais ativas do que o normal, consumindo energia de forma acelerada;
Houve perda da capacidade de descanso e regeneração;
Foram detectados danos no DNA e encurtamento dos telômeros, sinais de envelhecimento precoce;
O estudo observou ainda estresse mitocondrial, inflamação e ativação de regiões do genoma ligadas ao envelhecimento e até ao câncer.
Pesquisa detectou danos no DNA e encurtamento dos telômeros, sinais de envelhecimento precoce (Imagem: Vadim Sadovski/Shutterstock)
Esses fatores sugerem que missões espaciais de longa duração, como futuras viagens a Marte, podem representar sérios riscos à saúde dos astronautas.
Riscos e possíveis soluções para missões espaciais
A pesquisa amplia descobertas anteriores que já apontavam que o espaço altera a expressão genética, encurta telômeros e modifica a microbiota intestinal. Agora, com foco direto nas células-tronco, os cientistas alertam que a reserva celular que sustenta o sistema imunológico pode se esgotar em poucas semanas fora da Terra.
Esse esgotamento aumenta a vulnerabilidade a infecções, acelera o envelhecimento e eleva o risco de doenças graves durante viagens espaciais prolongadas.
Pesquisadores advertem que o estoque de células responsável por manter o sistema imunológico pode se esgotar em poucas semanas no espaço (Imagem: Colin Behrens/Pixabay)
Apesar do cenário preocupante, os pesquisadores observaram que parte dos danos começou a se reverter quando as células retornaram a um ambiente saudável na Terra. Isso indica que estratégias futuras, como terapias celulares e intervenções de rejuvenescimento, podem ajudar a proteger astronautas em missões de longa duração.
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Segundo Catriona Jamieson, professora da UC San Diego, compreender como células-tronco reagem ao espaço é fundamental para garantir a segurança das próximas gerações de exploradores espaciais.
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