Enciclopédia acusa IA de copiar conteúdos ilegalmente

Violações de direitos autorais têm rendido dezenas de processos judiciais contra empresas de inteligência artificial. Isso não acontece à toa: as companhias precisam beber conhecimento de algum lugar para treinar seus modelos de linguagem. E tem fonte mais completa do que uma enciclopédia?

A grande questão é que as companhias não parecem se importar em pagar por isso — nem mesmo por aqueles conteúdos protegidos, como é o caso da Enciclopédia Britannica, que também controla a editora Merriam-Webster, conhecida por publicar dicionários.

As duas empresas estão no centro de mais uma ação contra a Perplexity AI, alegando que o “mecanismo de resposta” do chatbot copia ilegalmente materiais com direitos autorais. O processo revelado pela Reuters foi apresentado em um tribunal de Nova York, nos Estados Unidos.

Comet está disponível por assinatura e para Windows e Mac (Imagem: T. Schneider/Shutterstock)

Entenda a acusação

Somente em 2024, a Britannica teve mais de um bilhão de sessões em seu site oficial, sem contar o adicional de 1,4 bilhão de sessões em outros domínios mantidos pela empresa, incluindo o merriam-webster.com, diz a ação. Os autores financiam seus investimentos em conteúdo por meio de assinaturas de usuários, bem como da receita de publicidade que financia a criação do conteúdo da Britannica e do Merriam-Webster.

Mas, segundo o documento, a Perplexity está “canibalizando” esse tráfego. “O chamado ‘mecanismo de resposta’ da Perplexity elimina os cliques dos usuários nos sites dos Autores e de outros editores da web — e, por sua vez, priva os editores da web de receita — ao gerar respostas às consultas dos usuários que substituem o conteúdo de outros sites de informação”.

Além disso, as empresas alegam violação de direitos autorais nos casos de alucinações falsas ou imprecisas geradas pela IA da Perplexity, que, posteriormente, atribui os erros à Britannica ou à Merriam-Webster.

Merriam-Webster é mundialmente conhecida por publicar dicionários (Imagem: EQRoy/Shutterstock)

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Problema recorrente

No mês passado, a empresa de tecnologia foi processada por conglomerados de mídia do Japão por usar informações de veículos de comunicação sem consentimento dos jornais. Nos Estados Unidos, a Perplexity foi alvo de outra ação apresentada pelo Wall Street Journal e pelo New York Post. No Brasil, o jornal Folha de São Paulo acusou o chatbot de disponibilizar reportagens na íntegra sem qualquer compensação monetária.

Perplexity está “canibalizando” tráfego de usuários dos sites das editoras (Imagem: gguy/ Shutterstock)

O Google também se pronunciou recentemente sobre a acusação de que a AI Overview, um recurso de resumo nas pesquisas do navegador, estaria derrubando o tráfego dos sites. Segundo a big tech, a ferramenta está, na verdade, “ampliando o tipo de perguntas feitas pelos usuários e mostrando mais links úteis nas páginas de resultados”.

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